SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O corpo do sogro de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar um bolo com arsênio em Torres, no Rio Grande do Sul, foi exumado nesta quarta-feira (8), em Canoas (RS). Três pessoas da mesma família morreram após comerem o doce.
Procedimento foi realizado pelo IGP (Instituto-Geral de Perícias) do Rio Grande do Sul. A exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos foi autorizada pela Justiça e conduzida por uma equipe técnica do DML (Departamento Médico-Legal) no Cemitério São Vicente, informou o instituto ao UOL. A exumação faz parte da investigação da morte de três pessoas após consumirem o bolo envenenado e busca saber se Paulo foi envenenado antes de morrer.
Paulo Luiz dos Anjos, de 68 anos, morreu em setembro de infecção intestinal. O caso ocorreu após o idoso tomar café com leite em pó e comer bananas, segundo o Jornal Hoje (TV Globo). Zeli dos Anjos, esposa de Paulo, consumiu o bolo e segue hospitalizada.
O corpo foi levado até o DML de Porto Alegre. “Durante a exumação, foram coletadas amostras biológicas que serão encaminhadas para análises laboratoriais, com o objetivo de verificar a possível presença de substâncias tóxicas”, explicou o instituto. Após a coleta de material genético, o corpo de Paulo será reconduzido ao túmulo.
Instituto-Geral esclareceu que a análise focará na possível presença de arsênio no corpo de Paulo. Segundo o órgão, a substância pode permanecer detectável no organismo mesmo após um período prolongado por ser um metal pesado. Também serão investigadas se outras substâncias podem estar ligadas à morte do sogro da suspeita.
Suspeita é que Deise tenha envenenado, com arsênio, farinha usada em bolo. Grandes concentrações da substância foram encontradas no doce e no sangue das vítimas e dos familiares hospitalizados após o consumo, segundo as investigações. Ela está presa temporariamente por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.
“Não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural”, afirmou chefe de perícia. Segundo Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias, “as provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio” e que a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa de Zeli.
Antes do envenenamento, Deise teria pesquisado “arsênio e similares” na internet. Segundo um relatório preliminar das investigações, as buscas foram descobertas após extração dos dados do celular da suspeita.
Polícia Civil não divulgou identidade de Deise, mas nome foi confirmado pela defesa da suspeita. Em nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza divulgaram que prestaram “atendimento em parlatório” à familiar investigada e que não tiveram “acesso integral à investigação em andamento, razão pela qual [a defesa] se manifestará em momento oportuno”.
BEATRIZ GOMES / Folhapress