SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A corrida para explorar e desenvolver os recursos na Lua começou, e a Rússia deve continuar participando dessa disputa. A declaração foi dada nesta segunda (21) pelo diretor-geral da Roscosmos, Yuri Borisov, apesar do fracasso da primeira missão lunar do país em 47 anos.
A nave espacial russa Luna-25 saiu do controle e caiu no satélite após um problema na preparação para a órbita pré-pouso, ressaltando o declínio pós-soviético de um outrora poderoso programa espacial.
O chefe da agência espacial, parecendo desanimado durante entrevista à estação de TV estatal Rossiya 24, disse que é do interesse do país permanecer comprometido com a exploração lunar. Interromper o programa, na avaliação dele, seria a pior decisão.
“Não se trata apenas do prestígio do país e da conquista de alguns objetivos geopolíticos. Trata-se de garantir capacidades defensivas e alcançar a soberania tecnológica”, disse Borisov, em seus primeiros comentários públicos depois da perda da sonda Luna-25.
“Hoje, também tem um valor prático porque, é claro, a corrida pelo desenvolvimento dos recursos naturais lunares começou. E, no futuro, a Lua se tornará uma plataforma para a exploração do espaço profundo, uma plataforma ideal.”
Para ele, a primeira sonda lançada pela Rússia à Lua desde 1976 colidiu com o satélite natural da Terra principalmente porque o país “interrompeu seu programa de exploração espacial durante quase 50 anos”.
“A incalculável experiência acumulada por nossos antecessores nos anos 1960 e 1970 se perdeu por completo, e a transferência de conhecimentos entre as gerações não ocorreu”, lamentou Borisov.
A colisão aconteceu porque um motor da sonda não desligou conforme programado, durante uma manobra para pousar na superfície lunar. O motor funcionou por 127 segundos em vez de 84.
Uma comissão espacial foi formada para investigar as causas exatas do ocorrido, acrescentou o diretor-geral.
O acidente se dá em um momento em que o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu continuar o programa espacial de seu país para manter sua posição de liderança, tomando como exemplo o envio, pela União Soviética, do primeiro homem ao espaço em 1961.
A Rússia disse que lançará novas missões lunares e, em seguida, explorará a possibilidade de uma missão tripulada conjunta Rússia-China e até mesmo uma base lunar.
A Nasa, dos Estados Unidos, já falou sobre uma “corrida do ouro lunar” e sobre o potencial da mineração no satélite natural da Terra.
Redação / Folhapress