RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – Um relatório da Defesa Civil de Maceió aponta que a cratera aberta sob a lagoa Mundaú após o colapso da mina 18 possui 78 metros de comprimento, 46 metros de largura e 7 metros de profundidade -grosso modo, o correspondente a cerca de metade da área de um campo de futebol oficial e quase dez vezes o volume de uma piscina olímpica.
Além disso, o documento, produzido no final de 2023, indica impossibilidade de monitoramento de outras três minas por sistema aéreo em razão da localização delas.
A aferição consta em um documento enviado pelo órgão municipal para a petroquímica Braskem e também encaminhado para o Ministério Público Federal. A empresa foi a responsável por realizar a mineração que culminou com os afundamentos de solo na capital alagoana.
O documento foi revelado inicialmente pela TV Gazeta de Alagoas e confirmado pela reportagem. O relatório da Defesa Civil foi divulgado no dia 30 de dezembro de 2023.
De acordo com relatório do Serviço Geológico do Brasil, as ações de mineração da Braskem, dos anos 1970 até 2019, foram responsáveis por um afundamento que atingem cinco bairros: Pinheiro, Farol, Mutange, Bebedouro e Bom Parto.
Segundo dados da Braskem, cerca de 40 mil pessoas foram atingidas pelo problema, com 14 mil residências dentro da área de evacuação.
A Defesa Civil recomendou à Braskem que amplie a malha de cones de reflexão para aquisição de dados próximo às margens da lagoa a fim de melhorar a visualização dos dados de deslocamento por interferometria, nas áreas de maior proximidade das minas e da laguna Mundaú.
O órgão também alertou para a inviabilidade de monitoramento das minas 20, 21 e 29 por sistema de monitoramento aéreo. Nelas, será necessário instalar um equipamento em uma cavidade fora da lagoa via cabo operado por um caminhão para acessar as minas submersas.
“Essas cavidades além de estarem próximas à mina colapsada, 18, se encontram parcialmente fora da camada de sal. Por estarem localizadas na laguna Mundaú, torna-se inviável o acompanhamento por DGNSS (tecnologia de monitoramento aéreo por satélites), sendo assim, necessário a avaliação de tais cavidades após a ruptura e colapso da mina 18.”
Já a Braskem disse, por meio de nota, que “as cavidades 20, 21 e 29 são monitoradas pela rede de equipamentos instalada na região, que tem capacidade para detectar mínimos movimentos na superfície e em profundidade”. Ainda conforme a empresa, “até o momento, a movimentação continua concentrada na área da cavidade 18”. A empresa afirma que aguarda aprovação da Defesas Civis Nacional e Municipal para executar os exames de sonar nas três cavidades.
Ainda conforme a Braskem, o monitoramento segue 24 horas por dia, reportado em tempo real para a Defesa Civil, por diferentes instrumentos. A petroquímica também disse que fará um novo estudo via sonar, atendendo a pedido do órgão municipal, assim que tiver a autorização da Defesa Civil.
A Defesa Civil ainda reduziu, no relatório de 30 de dezembro de 2023, o nível operacional de alerta para o nível de atenção, um patamar inferior, ainda que com risco de colapso alto. Com a redução do nível, o órgão da prefeitura de Maceió recomendou que a Braskem retorne as atividades que foram suspensas ou paralisadas, como demolições emergenciais, retorno às atividades de segurança privada pela empresa GPS, obras nas encostas e manutenção dos equipamentos.
Segundo o órgão, vândalos invadiram a área e danificaram diversos equipamentos da rede de monitoramento. “Tais equipamentos são de suma importância para que tenhamos os dados para o monitoramento em tempo real de todas as cavidades e possamos acompanhar com a mais brevidade possível toda e qualquer eventual alteração em seus dados”, diz o relatório.
O documento foi assinado por Abelardo Pedro Nobre Junior, integrante da Coordenadoria Especial de Proteção e Defesa Civil de Maceió.
Redação / Folhapress