SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta sexta-feira (2), o mercado financeiro operou avesso ao risco. O dólar subiu 1,06%, a R$ 4,9676, acumulando ganho de 1,12% na semana.
O Ibovespa, por sua vez, operava em queda de 0,82%, a 127.418 pontos, às 17h20, próximo do fechamento do pregão.
Investidores repercutiram o payroll, relatório que aponta a criação de empregos nos Estados Unidos, de janeiro, divulgado pela manhã.
Os dados vieram na direção contrária das expectativas, apontando um mercado de trabalho resiliente. A criação líquida de vagas fora do setor agrícola somou 353 mil no mês passado, quase o dobro do previsto por economistas consultados pela agência de notícias Reuters, que esperavam 180 mil vagas.
Tom Simons, economista na Jefferies, nos EUA, descreveu os dados como “números impressionantes” que o deixaram “quase sem palavras”.
A média salarial também acelerou, indo de um ganho de 0,4% em dezembro, para 0,6% em janeiro. Nos 12 meses até agora, os salários acumularam uma alta de 4,5%, depois de avançarem 4,3% até o mês anterior.
Além disso, os dados de dezembro e de novembro foram revisados para cima, de 216 mil para 333 mil, e de 173 mil para 182 mil, respectivamente.
Tamanha discrepância entre expectativa e realidade se refletiu na valorização do dólar e dos títulos do Tesouro americano (treasuries) e queda de ativos mais arriscados, já que, com mais americanos empregados e ganhando melhor, a inflação tende a subir, o que força o Fed (Banco Central dos EUA) a manter a taxa de juros no país elevada, contrariando as expectativas de cortes no curto prazo.
A aposta em um corte de juros de 0,25 ponto percentual já na próxima reunião de política econômica do Fed caiu de 38% na véspera, para 20,5% nesta sexta. Atualmente, a taxa de juros americano está no patamar de 5,25% a 5,50%, o nível mais alto desde o começo de 2001.
Para Simons, os dados desta sexta enterraram a possibilidade de o Fed baixar juros em março. “Salvo algum tipo de choque exógeno, isso elimina a possibilidade de um corte na taxa em março”, disse.
Na última quarta, após a primeira reunião de política monetária do ano, o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que a autoridade não trabalhava com o cenário de uma baixa nos juros já em março.
O ex-presidente e atual candidato à Casa Branca, Donald Trump, diz entender o contrário. “Parece para mim que ele está tentando baixar as taxas de juros talvez para conseguir que as pessoas sejam eleitas, eu não sei”, disse o republicano à Fox Business Network, de acordo com trechos de uma entrevista que será exibida neste domingo (4).
Foi Trump quem indicou Powell para a presidência do Fed em 2018, mas o então presidente logo acabou se voltando contra o economista, acusando-o de manter as taxas de juros muito altas em época de guerras comerciais com a China e a Europa. Caso eleito, Trump disse que não reconduzirá Powell ao cargo.
Taxas de juros menores impulsionam a economia e, assim, a criação de empregos, já que reduzem o custo de capital. Além disso, deixam a renda fixa menos atraente, o gera um fluxo de investimentos para a renda variável, gerando um financiamento mais barato para as empresas.
Nos EUA, os índices operam em alta por conta da valorização das big techs após bons resultados em 2023. O S&P 500 subia 1,36% e o Dow Jones, 0,65%. O Nasdaq tinha ganhos de 1,88%.
As ações da Meta (ex-Facebook) subiam 20,35% ao fim do pregão, adicionado mais de US$ 200 bilhões em seu valor de mercado, após a companhia anunciar seu dividendos de US$ 0,50 por ação e uma recompra de ações de US$ 50 bilhões.
Na véspera, a sessão do mercado financeiro foi oposta, após dados semanais apontarem mais pedidos de auxílio de desemprego que o esperado. Nas últimas três sessões, a moeda americana havia acumulado queda de 0,74%.
Redação / Folhapress