Criança negra chama polícia nos EUA para atender briga doméstica e leva tiro no peito

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A família de uma criança negra de 11 anos baleada por um policial no estado de Mississippi, nos Estados Unidos, comunicou nesta sexta-feira (15) que vai levar adiante uma ação civil para que as imagens das câmeras corporais dos agentes no local sejam divulgadas ao público.

Antes, na quinta (14), o júri decidiu não recomendar acusações criminais no caso -uma conclusão que provocou indignação e é associada ao racismo estrutural no país.

Em maio, o agente Greg Capers, que também é negro, disparou contra o peito de Aderrien Murry, que estava em casa e desarmado, após o menino ter chamado a polícia porque o pai estava ameaçando a mãe.

Os policiais teriam chegado já com a arma em punho, segundo os relatos, apesar de as pessoas no local afirmarem que ninguém estava armado.

Os agentes teriam mandado que todos saíssem com as mãos para cima. A mãe de Murry diz que a criança foi atingida sem motivos após “virar uma esquina” para atender aos comandos. O menino teve o pulmão perfurado e o fígado lacerado, segundo Carlos Moore, o advogado da família. Ele foi internado e precisou de ventilação mecânica.

A criança sobreviveu e teve alta, mas as despesas médicas se acumulam em dezenas de milhares de dólares, ainda segundo Moore. Ele acrescenta que “a cidade nunca se ofereceu para ajudar”.

Nesta quinta, o júri concluiu que Capers, o policial apontado como o autor do disparo contra Murry, não tinha intenção criminosa ao atirar e, portanto, não deve se tornar réu. Mas ainda está pendente um processo civil em que os Murrys apresentaram em maio contra o agente, contra a cidade de Indianola e contra o chefe da polícia local. A ação pede US$ 5 milhões (R$ 24,6 milhões) de indenizações.

O advogado que representa a cidade e os agentes não respondeu a pedidos de comentários feitos pela agência de notícias Reuters. O Departamento de Polícia de Indianola encaminhou os pedidos para o gabinete do Procurador-Geral de Mississippi, que afirmou que não tomaria outras medidas criminais sobre o caso, considerando que o júri já havia tomado uma decisão

O juiz que supervisiona o processo civil permitiu que o advogado da família e a mãe de Murry vissem as imagens gravadas pelas câmeras corporais na semana passada, mas proibiu a divulgação ao público.

O advogado da família recorreu da decisão a uma instância superior, que poderá emitir uma nova sentença no começo do ano que vem, segundo Moore.

O caso da criança é associado a outros em que pessoas negras foram vítimas da violência policial. O mais emblemático é o de George Floyd, ocorrido em maio de 2020. Na ocasião, um policial branco se ajoelhou no pescoço de Floyd, que era negro, enquanto ele estava algemado, de bruços, em uma rua no sul de Minneapolis.

Floyd morreu sufocado, apesar de dizer várias vezes que não estava conseguindo respirar. O crime desencadeou imensos protestos contra a violência policial e o racismo e levou a um julgamento de grande repercussão.

Redação / Folhapress

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