RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Indígenas yanomamis denunciaram nesta quarta-feira (20) ameaças feitas por garimpeiros invasores do território a crianças da etnia, que foram amarradas num poste de madeira na região de Surucucu, em Roraima.
A denúncia foi feita pela associação yanomami Hutukara e enviada a órgãos como Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), PF (Polícia Federal), Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Exército e MPF (Ministério Público Federal).
Nela, a entidade afirma que na última terça-feira (19) recebeu a informação em vídeo de que garimpeiros na região do Hakoma ameaçaram crianças yanomamis e as amarraram depois de tê-las acusado de furtar telefones celulares do grupo.
No meio da mata, segundo a denúncia, garimpeiros ainda intimidaram os membros da etnia ao dizerem que pegariam armas para que confessassem o furto dos eletrônicos.
A Hutukara diz ainda que não tem conhecimento do desfecho das ameaças nem da data exata em que elas ocorreram e pede que as forças de segurança atuem para dar uma rápida resposta. A região é de difícil comunicação e o vídeo foi enviado do Papui, uma área em que há acesso à internet.
Os relatos chegaram ao conhecimento da associação por meio de um sistema de alertas, que tem como objetivo fortalecer a comunicação entre as comunidades da terra indígena e levar os problemas aos órgãos responsáveis mais rapidamente.
O líder yanomami Dário Vitório Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, qualificou o episódio como de uma “violência brutal”.
Nesta quarta-feira (20), a PF deflagrou a Operação Eldorado em Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, com o objetivo de prender supostos envolvidos num esquema de contrabando e venda de ouro venezuelano obtido por meio da extração em garimpos ilegais.
De acordo com a PF, quase R$ 6 bilhões foram movimentados no esquema e os principais investigados também teriam elo com a exploração ilegal do ouro na Terra Indígena Yanomani.
Além do garimpo irregular, o povo yanomami também sofreu nos últimos anos com sérios problemas de saúde.
Imagens divulgadas pelos indígenas da etnia no começo do ano mostravam crianças e idosos em situação de desnutrição e precisando de amparo e auxílio médico.
Em novembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), PF e MPF fizeram uma operação para combater suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de medicamentos para os yanomamis.
MARCELO TOLEDO / Folhapress