Crise hídrica não nos preocupa ao chegar na Sabesp, diz CEO da Equatorial

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O CEO da Equatorial, Augusto Miranda, disse nesta terça-feira (24) que os dados hídricos de São Paulo não apontam para uma crise que poderia prejudicar os planos da empresa na chegada à Sabesp.

A nova diretoria da companhia privatizada deve assumir no começo de outubro, num momento em que o Brasil vive uma das piores secas de sua história, e São Paulo vê os níveis dos mananciais em nível baixo.

Segundo Miranda, a Sabesp fez um bom trabalho de adaptação na crise hídrica de 2014 e, hoje em dia, conta com sistemas de monitoramento online que permitem fazer uma gestão aprimorada.

“Os reservatórios estão em torno de 50% do nível, então não me parece preocupante. Não vejo problema”, afirmou o executivo após participar de painel sobre saneamento em evento do Banco Safra.

Sobre a perspectiva de fazer investimentos adicionais em segurança hídrica, o CEO destacou que é natural a empresa pensar nisso, mas ponderou que os dados não sugerem uma situação onde isso seria urgente.

Questionado se a necessidade de um racionamento de água logo na chegada da Equatorial à Sabesp poderia ser um problema, Miranda disse não ter dados técnicos que embasem essa tese. “O que eu sei é que, desde 2014, foram feitas obras estruturais, interligação de sistemas, isso desestressou o sistema Cantareira, e eu não vejo hoje esse risco iminente”, disse.

Durante o painel sobre saneamento, o executivo fez elogios à Sabesp e ao quadro técnico da companhia.

“Quando se olha a Sabesp, você vê que ela tem um quadro formidável, é uma plataforma. Você tem um dos melhores quadros de vida da América Latina, até do mundo, e você enxerga uma empresa que tem um potencial grande”, disse.

Questionado se a ideia da Equatorial é manter o quadro técnico, Miranda disse que a companhia sempre aumentou a força de trabalho em suas operações.

“Quando você fala da Sabesp, de aumentar capex [investimento], naturalmente você vai aumentar a força de trabalho. Isso é uma relação muito direta”, afirmou.

Para o executivo, juntar a expertise da Equatorial em gestão com o quadro técnico da companhia de saneamento garante um alto potencial para a operação.

“A Equatorial tem um modelo de incentivo em que você dá salários agressivos ou participações agressivas, tanto para o próprio [funcionário] quanto para o terceiro”, diz.

Além da qualidade dos profissionais e da possibilidade de alavancar o negócio por meio de incentivos e alinhamento, Miranda disse que o modelo regulatório desenhado também foi um fator que motivou a entrada da Equatorial no negócio.

“Se juntar todos esses ingredientes, a qualidade técnica, o nosso modelo de gestão, e essas políticas de alinhamento, eu não tenho dúvida de que a gente vai ter resultados”, afirmou. “A Sabesp tem as condições reais para que você sonhe e sonhe alto.”

EQUATORIAL CONCLUI AUMENTO DE CAPITAL

Nesta terça, a Equatorial anunciou um aumento de capital no valor de R$ 2,41 bilhões para financiar a aquisição das ações da Sabesp.

A companhia, que ofereceu R$ 6,8 bilhões pelas ações do Governo de São Paulo, primeiro tomou uma nota comercial de R$ 5,6 bilhões para bancar o cheque, e usou o restante do próprio caixa.

Para quitar o valor do empréstimo-ponte, que tem vencimento em 18 meses, a Equatorial fez o aumento de capital.

Apesar da cifra bilionária para entrar na Sabesp, o CEO da empresa disse que o valor do cheque não necessariamente tira o interesse da Equatorial dos próximos leilões.

“A Equatorial é uma empresa com acesso ao mercado de capitais, tem instrumento que permite que ela continue olhando outros ativos no mercado”, afirma.

THIAGO BETHÔNICO / Folhapress

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