Criticada por comportamento perigoso, IA de Elon Musk passa a ‘enxergar’ imagens

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Elon Musk anunciou na madrugada deste sábado (13) que Grok, a inteligência artificial de uma de suas empresas, foi equipada com a habilidade de interpretar imagens, a chamada visão computacional. O recurso está disponível em outras IAs generativas como a versão mais avançada do ChatGPT e o Gemini do Google.

A xAI divulgou na sexta-feira (12) detalhes sobre o recurso acrescentado ao Grok 1.5. A IA de Musk foi lançada em novembro e está disponível para testadores e assinantes da versão Premium+ da rede social X.

De acordo com o artigo, Grok, além de descrever imagens, consegue, por exemplo, ler um diagrama representando um raciocínio e transformá-lo em um código de programação para executar as instruções.

Os testes divulgados pela empresa de Musk destacam a capacidade do chatbot de compreender problemas lógicos relacionados ao espaço, superior à dos concorrentes, embora também mostrem desvantagem em outros critérios.

“Avançar em uma compreensão multimodal e na geração de habilidades é um passo importante para construir uma inteligência artificial geral [estágio em que a IA se equipara às capacidades humanas]”, disse a empresa no artigo de divulgação.

Depois do sucesso do ChatGPT, Musk reuniu em junho uma equipe para desenvolver um modelo de IA concorrente. Em novembro, a xAI apresentou uma primeira versão de Grok, um ano após o lançamento do ChatGPT. O bilionário havia participado da fundação da OpenAI, mas saiu após divergências sobre a direção da startup.

Em sua versão 1.5, lançada no mês passado, o chatbot apresenta desempenho inferior a outros concorrentes em desafios linguísticos e de lógica.

O Grok foi desenvolvido para responder a questões mais espinhosas, das quais outras IAs costumam se esquivar para evitar transgressões éticas, de acordo com o site da xAI.

Um estudo da empresa especializada em segurança de IA Adversa, entretanto, considerou Grok o chatbot mais perigoso do mercado, em uma comparação com ChatGPT, Gemini, Mistral, Claude e Llama da Meta —este último considerado o mais seguro.

A IA de Musk, por exemplo, deu aos pesquisadores instruções para a fabricação de uma bomba, sem apresentar qualquer resistência. Com jogos de palavras simples, os testadores também conseguiram fazer Grok ensinar como realizar ligação direta em automóvel e usar truques psicológicos para seduzir crianças.

Para evitar comportamentos perigosos ou preconceituosos, modelos de linguagem contam com uma IA auxiliar responsável pela moderação do conteúdo. Esses sistemas, chamados de “constituição”, decidem se a resposta original pode causar danos e determinam se ela é adequada.

No caso de Grok, esse filtro é menos rigoroso por escolha da xAI.

Outra diferença do Grok é a capacidade de pesquisar em tempo real informações no Twitter, cujas publicações também foram usadas no treinamento do chatbot.

A xAI divulgou no mês passado o código fonte do Grok, no que foi visto pelo mercado de tecnologia como uma provocação de Musk à OpenAI. A empresa por trás do ChatGPT não divulga detalhes de como desenvolve seus modelos de inteligência artificial, sob o argumento de que são medidas de segurança para evitar abusos com IA.

Procurada via assessoria de imprensa, a xAI não respondeu à reportagem. O cientista conselheiro de segurança da empresa, o professor de Berkeley Dan Hendrycks tampouco retornou o contato da Folha.

Grok recebeu seu nome em referência a um conceito apresentado no livro de ficção científica “Um estranho em uma terra estranha”, que significa um conhecimento profundo e intuitivo.

Da ficção científica, o chatbot também emula o tom sarcástico do livro “Guia do Mochileiro das Galáxias”. O usuário pode escolher conversar com uma versão mais neutra de Grok, se assim desejar.

Assinantes do pacote X Premium+, vendido por R$ 84 mensais, podem ter acesso ao Grok 1.5.

PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress

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