‘Crônica sofreu muito diante da lacração’, avalia Xico Sá na Flip 2024

PARATY, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Xico Sá, 62, foi um dos destaques da Casa CCR, nesta sexta-feira (11), durante a 22ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).

Ao lado da escritora Gaía Passarelli, ele marcou presença na mesa “Um Passo Depois do Outro”. O tema do debate foi inspirado na obra de João do Rio, autor homenageado do evento.

Escritor falou dos desafios de produzir crônicas diante de um mundo cada vez mais digitalizado. “Diante da lacração, o cronista sofreu muito. Quanto mais folclórico [o tema do texto], mais longe está da lacração.”

“Você se sente muito fora do mundo quando insiste numa crônica, sei lá, com as características do Rubem Braga, ou algo mais lírico, no geral. Aquele olhar miúdo sobre a realidade, só uma janela no meio daquela selvageria toda”, diz Xico Sá.

Gaía Passarelli ressalta a necessidade de um “respiro” em meio a um cotidiano cada vez mais caótico. “Com o absurdo do cotidiano que nós vivemos fica parecendo que a borboleta amarela, ou a sopa, não tem espaço, porque é banal. Mas, pô, essa borboleta amarela sempre tem que ter espaço, inclusive é esse tipo de respiro que nos ajuda a viver.”

Xico Sá também falou sobre o conflito entre atender as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, manter distância de temas polêmicos.

“O cancelamento sempre mora um pouquinho no purgatório. O conflito é esse: você beira o cancelamento, é mais lido, atende mais, talvez, ao tipo de encomenda de crônicas que os teus contratantes e os leitores querem. Ou você fica mais na moita, mais distante dos assuntos polêmicos. É um pouco menos lido, mas sobrevive mais longamente”, disse Xico .

FLIP 2024

A festa literária começou na noite de quarta-feira (9) com uma “breve aula” dedicada ao escritor João do Rio, o grande homenageado da edição. O evento de abertura foi conduzido pelo professor e escritor Luiz Antonio Simas.

João do Rio, pseudônimo do jornalista Paulo Barreto, foi um dos cronistas mais relevantes do Brasil no início do século 20. Nascido em 1881, ele se dedicou ao jornalismo e à crônica para registrar a vida urbana -em especial o Rio de Janeiro.

RICARDO PEDRO CRUZ / Folhapress

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