Cuba anuncia prisões por ‘desordem pública’ após novo apagão

SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Procuradoria-Geral de Cuba anunciou neste sábado (9) a prisão de um número não especificado de pessoas por “desordem pública”. O episódio ocorre em meio às tensões provocadas pelo apagão generalizado de quase dois dias após a passagem do furacão Rafael pela ilha.

O anúncio veio em um momento em que a maior parte do país já recuperou a energia elétrica. Organizações de direitos humanos vêm denunciando prisões e indiciamentos de pessoas que protestaram contra o regime cubano.

Em raro comunicado, a Procuradoria disse que tramitam processos penais pelos crimes de atentado, desordem pública e danos ao patrimônio nas províncias de Havana, Mayabeque e Ciego de Ávila. O órgão não deu detalhes dos delitos nem forneceu o número de pessoas presas.

“Foi decidida a imposição de medida cautelar de prisão provisória aos acusados em razão de agressões contra autoridades e policiais das províncias, causando lesões e alterações da ordem”, informou a nota da procuradoria.

O furacão Rafael atingiu Cuba na última quarta-feira (6). Classificado como categoria 3 na escala Saffir-Simpson, que vai até 5, sua passagem ocorre apenas duas semanas depois de um outro furacão, Oscar, provocar um colapso da infraestrutura elétrica do país —já sob pressão por uma escassez de combustível e crise econômica histórica, agravada pelo embargo imposto pelos Estados Unidos ao regime.

No último dia 30, a ONU votou pelo 32º ano consecutivo uma resolução para condenar o embargo contra Cuba, aprovada de forma quase unânime —somente os EUA e Israel se posicionaram de forma contrária. A Folha de S.Paulo revelou em outubro que o Brasil estudava a possibilidade de enviar combustível, alimentos e remédios à ditadura caribenha.

Somada à pressão, neste domingo (10), a ilha foi atingida por um terremoto de 6,8 de magnitude. O terremoto atingiu a porção leste de Cuba, particularmente a província de Granma.

A agência Reuters conversou com vários moradores da área, que relataram que o terremoto foi um dos mais fortes pelos quais já passaram na vida. Casas e edifícios tremeram com violência, e louças caíram das prateleiras, disseram esses moradores. Muitas das casas e edifícios da região são antigos e vulneráveis a sismos.

O terremoto ocorreu a uma profundidade de 14 km, informou o Serviço Geológico dos EUA. O terremoto foi inicialmente medido com uma magnitude de 5,8, mas esse valor foi revisado para cima.

A organização de direitos humanos Justicia 11J disse que mais de dez pessoas foram indiciadas pela polícia no bairro de Guanabacoa, na periferia de Havana. “Continua a perseguição a moradores da capital”, disse a ONG em sua conta do X, afirmando que as prisões estão relacionadas a manifestações pacíficas contra o regime.

A energia elétrica começou a ser restabelecida aos poucos a partir de quinta-feira (7). No sábado, 13 das 15 províncias do país já tinham luz, mas 19% da capital, Havana, continuava sem energia, e há registros de falta de água e gás.

O furacão Rafael não deixou vítimas fatais, mas deixou uma série de danos materiais, segundo o regime. O dirigente Miguel Díaz-Canel disse no sábado que “o reestabelecimento da eletricidade, comunicações, água e saneamento são nossas principais metas para o fim de semana”, ao mesmo tempo em que prometeu atuar com rigor contra “aqueles que tentarem perturbar a ordem pública”.

Redação / Folhapress

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