SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Assim como havia acontecido no primeiro turno, os resultados dessa segunda etapa da corrida eleitoral mostram que os institutos de pesquisa Datafolha e Quaest conseguiram, de modo geral, identificar as principais tendências das disputas nas capitais do país.
Entre esses movimentos verificados por Datafolha e Quaest, está a liderança com certa folga de Ricardo Nunes (MDB) sobre Guilherme Boulos (PSOL) ao longo das três semanas que separam o primeiro do segundo turno.
A Quaest realizou pesquisas nas 15 capitais que tiveram segundo turno, e o Datafolha em 3: São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza.
Foi uma dinâmica diferente da observada na primeira etapa da corrida eleitoral, quando os institutos registraram embates acirrados entre esses dois candidatos e Pablo Marçal (PRTB).
Nos levantamentos realizados nos dias 25 e 26 de outubro (antevéspera e véspera da eleição), o Datafolha apresentou o postulante do MDB com 57% e o candidato do PSOL com 43%; e a Quaest mostrou Nunes com 55% e Boulos com 45%. Nos dois casos, apenas os votos válidos são considerados, e a margem de erro é de dois pontos percentuais.
Ou seja, os números do Datafolha ficaram mais próximos do resultado final do que a pesquisa da Quaest.
Ao final, Nunes foi eleito prefeito de São Paulo com 59,3% dos votos ante 40,6% de Boulos.
Tanto para Luciana Chong, diretora do Datafolha, quanto para Felipe Nunes, responsável pela Quaest, as pesquisas não podem ser diretamente comparadas com a apuração das urnas. O objetivo desses levantamentos é capturar tendências a partir de uma intenção de voto, que pode mudar até o último momento.
Nesse sentido, ambos acreditam que o instituto comandado por eles tenha identificado os principais movimentos da corrida na capital paulista.
“A grande pergunta do segundo turno em São Paulo era: em quem os eleitores do Marçal votariam? Muita gente apostou que haveria uma transferência de votos do Marçal para o Boulos, e as pesquisas jamais indicaram essa direção. Não havia outro cenário possível que não a vitória confortável do Nunes”, afirma o diretor da Quaest.
Diferentemente de São Paulo, capitais como Fortaleza, Campo Grande e Palmas tiveram competições com chapas em situação parelha neste segundo turno.
Na capital cearense, a pesquisa de véspera do Datafolha indicou André Fernandes (PL) com 51% e Evandro Leitão (PT) com 49%, levando em conta os votos válidos. A margem de erro era de três pontos percentuais.
Abertas as urnas, o candidato da esquerda saiu vencedor, alcançando 50,4%, uma estreita vantagem diante do representante da direita, que chegou a 49,6%.
“Houve uma disputa muito acirrada em Fortaleza, onde indicamos um empate a margem de erro era de três pontos. Qualquer um dos dois poderia ganhar”, afirma Chong.
Em Palmas, o levantamento realizado pela Quaest nos dias 25 e 26 de outubro mostrou Janad Valcari (PL) com 51% e Eduardo Siqueira Campos (Podemos) com 49%. Valcari estava numericamente à frente, mas havia um empate técnico. A margem de erro era de três pontos percentuais.
Os resultados divulgados pelo TSE indicaram a vitória de Siqueira Campos, com 53%. A candidata do PL obteve 47%.
Em Campo Grande, ocorreu situação semelhante. A última pesquisa da Quaest apontou Rose Modesto (União Brasil) com 51% e Adriane Lopes (PP) com 49%. Portanto, empate técnico, com Modesto numericamente à frente. A margem de erro também era de três pontos percentuais.
Neste domingo (27), à noite, a candidata do PP saiu vencedora, com 51,4%, e a postulante do União Brasil atingiu 48,5%.
“Conseguimos mostrar aos eleitores onde o jogo estava pegado, difícil. Neste caso, é o detalhe que faz a diferença. Lembro que os institutos não conseguem capturar esse tipo de detalhe, não temos instrumentos para isso”, diz Felipe Nunes, da Quaest.
Em Aracaju, a Quaest indicou Emília Correa (PL) com 62% dos votos válidos no levantamento da véspera e Luiz Roberto (PDT), com 38%. Ao final, ela conquistou 57,5%, e ele, 42,5%.
Em Cuiabá, o mesmo instituto apontou Abílio Brunini (PL) e Lúdio Corrêa (PT) com 50%. Nas urnas, o representante da direita obteve 53,8%, e o da esquerda, 46,2%.
Nesses dois levantamentos, a margem de erro era de três pontos percentuais.
“Os institutos de pesquisa são capazes de compreender os padrões, as movimentações dos eleitores”, afirma o diretor da Quaest. “Nosso objetivo não é acertar os números, não é para isso que trabalhamos.”
Encerrada a disputa, Chong e Nunes acreditam que a principal tendência demonstrada pelas pesquisas e confirmada nas urnas foi o trunfo de prefeitos que tinham uma avaliação da população ao menos razoável. Dos 20 prefeitos que tentaram um novo mandato, 16 conseguiram se reeleger. É o caso do próprio Nunes, em São Paulo, e de Cícero Lucena (PP), em João Pessoa.
“Quem tem a máquina de governo acaba tendo muito mais vantagens”, diz Chong.
Redação / Folhapress