Datafolha: Nunes fala em espaço para crescer; Boulos e Kim veem vontade de trocar prefeito

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Líder da corrida à Prefeitura de São Paulo em 2024 segundo a pesquisa Datafolha, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) comemorou os 32% de intenção de voto revelados pelo levantamento, destacou o desejo de mudança expresso pelos eleitores e provocou Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição.

“A pesquisa é muito positiva para nós, mas estamos a mais de um ano da eleição e há uma longa caminhada a ser trilhada”, afirmou à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (31) o pré-candidato, que tem o apoio do presidente Lula (PT).

Boulos disse que o percentual de 79% dos paulistanos que responderam esperar ações diferentes do próximo prefeito é uma sinalização para o campo da oposição a Nunes.

“Apesar dos R$ 380 milhões gastos em propaganda pelo atual prefeito, isso não esconde o abandono da cidade e o rechaço da população à gestão Ricardo Nunes”, completou. Apesar do otimismo, Boulos –que chegou ao segundo turno em 2020– disse que “não existe jogo ganho”.

Auxiliares do psolista observaram que a fatia de 79% que desejam atitudes diferentes é idêntica à parcela que tem algum grau de conhecimento sobre Nunes. A interpretação é a de que essa parcela do eleitorado pode escolher algum rival do prefeito para que o cenário de mudança se concretize.

Comentando a pesquisa em uma rede social, Nunes afirmou que os números mostram reconhecimento da população ao seu trabalho e indicou haver espaço para crescimento. Com 24%, ele está em segundo lugar.

“A campanha eleitoral começa apenas no ano que vem, e até lá temos muito trabalho pela frente. Focamos nas questões administrativas e financeiras, e só com as finanças totalmente equilibradas tem sido possível realizar grandes mudanças positivas que a cidade está conquistando.”

O atual prefeito também disse que o foco da gestão é “continuar trabalhando para entregar obras e realizar ações que melhorem qualidade de vida das pessoas”.

Aliados de Nunes comemoraram o desempenho, que, na visão deles, demonstra a competitividade dele mais de um ano antes das próximas eleições. Para o entorno, já é possível ver resultados dos esforços do prefeito para se tornar mais conhecido e o potencial de avançar nos próximos meses.

Nunes tem apostado no recapeamento das ruas de São Paulo como uma das vitrines de sua gestão e destaca a grandiosidade do programa em eventos públicos. O programa soma mais R$ 1 bilhão, e no mês passado recebeu mais R$ 330 milhões.

Além disso, o prefeito também tem feito massivo investimento em publicidade –o aumento dos contratos com as agências Propeg e MWorks elevou o valor total do acordo para R$ 200 milhões por um ano de trabalho.

O Datafolha também mostrou que 29% dos entrevistados não votariam de forma alguma em Boulos, que está em empate técnico com Nunes, já que 26% jamais escolheriam o atual mandatário.

Procurada, Tabata Amaral (PSB) informou via assessoria de imprensa que não comentaria a pesquisa. Sua equipe tem dito que a prioridade dela é o mandato de deputada federal e que, por isso, ela evita tratar em público de sua pré-candidatura. Nos bastidores, aliados comemoraram o desempenho.

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que Tabata, com 11%, “mostra um bom potencial eleitoral”, mas que é cedo para apontar tendências da disputa.

O dirigente ressaltou que 72% dos entrevistados disseram espontaneamente ainda não um ter candidato para 2024, o que indica que o cenário ainda está aberto e sujeito a alterações.

Kim Kataguiri (União Brasil) comemorou os resultados. “Achei excelente, não imaginava que estivesse com 8% a esse ponto”, disse ele, que empata tecnicamente com Tabata. O partido do deputado federal hoje apoia a reeleição de Nunes, mas ele se movimenta para articular sua candidatura.

O parlamentar afirmou que tem o maior potencial de crescimento entre os candidatos, em um momento que a maioria ainda não decidiu seu voto. Segundo ele, isso acontece muito antes da campanha, na qual ele teria o terceiro maior tempo de TV e conversaria com um público que ainda não o conhece.

Kim, que é líder do MBL (Movimento Brasil Livre), vê como ativos de sua campanha a capacidade de mobilização nas redes e a melhor desenvoltura em debates, em comparação com seu principal oponente na direita, Ricardo Nunes.

Para ele, a intenção de votos em Nunes não deve se concretizar, diante do fato de que 79% dos entrevistados desejam mudança no rumo da administração, enquanto 17% querem a manutenção das políticas atuais.

Kim diz ainda que o próprio Nunes se declara de centro, mas quer o voto da direita, o que pode não colar.

Outro pré-candidato que pontuou foi o ex-deputado federal Vinicius Poit (Novo), com 2%.

ARTUR RODRIGUES E JOELMIR TAVARES / Folhapress

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