SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apresentador diz que uso de apelido pejorativo e escalada de ataques o levaram a punir influenciador
Coube ao jornalista Carlos Tramontina tomar a decisão de interromper e expulsar o candidato Pablo Marçal (PRTB) do debate organizado pelo canal de YouTube Flow. O moderador defende sua atitude, tomada após três advertências feitas ao influenciar já nos segundos finais do evento.
Antes de Marçal, Datena e Boulos fizeram referência a adversários, sem citá-los nominalmente. Eles não foram interrompidos em suas falas. O candidato do PSOL chegou a apontar para Nunes ao dizer que estava “enfrentando a máquina da grana” e para Marçal quando ao citar “a máquina da mentira”.
À reportagem, Tramontina argumenta que há diferenças nas atitudes dos três candidatos nas considerações finais.
“Marçal começa a falar uma série de coisas contra o Ricardo Nunes (MDB). Eu faço a primeira advertência por ele ter usado apelido pejorativo nos ataques”, relata o moderador sobre o uso do termo “bananinha”, uma referência ao atual prefeito.
“Quando cedo os 40 segundos finais, após a interrupção, ele fica em silêncio, deixa o tempo passar. Ficou muito claro que era para usar o tempo como usou, para falar no final sem ser advertido. Eu não poderia aceitar”, afirma.
Sobre a fala do candidato do PSOL, o jornalista argumenta que não houve referência nominal aos adversários. “É só a imagem do Boulos que está na tela. Ele não cita o nome ou não usa apelidos para isso. Não teve exposição do Nunes ou Marçal naquele momento, não são citados, não aparecem imagens deles”.
O regulamento do debate, assinado por todos os candidatos, determina que o apresentador/moderador poderia, a seu critério, “intervir imediatamente ao avaliar que um candidato ofendeu outro participante”.
Na terceira ocorrência de advertência, o participante seria expulso. “Há também uma citação clara sobre a proibição do uso de apelidos. Eu disse no início que eles são seriam aceitos”.
Para o jornalista, o fato de Marçal ser o último a falar pesou na sua decisão de interrompê-lo. “Isso muda tudo, torna mais grave porque não haveria mais direito de resposta”, defende.
Antes de Marçal, Datena usou parte dos seus dois minutos e meio das considerações finais para atacar o influenciador. Sem dizer o seu nome, afirmou que “com bandido você conversa na Justiça. Não dá para discutir com covarde mais de uma vez”.
Os dois candidatos acumularam discussões nos últimos debates. No evento da TV Cultura, o apresentador da Bandeirantes atingiu o influenciador com uma cadeirada.
“Ele [Datena] foi advertido na resposta anterior. Já tinha sido advertido. Foi o primeiro a ser advertido”, lembra Tramontina, que avaliou que não foi necessário interromper novamente o candidato do PSDB nas considerações finais.
O moderador cita o penúltimo bloco do programa quando ele puniu Datena. “O senhor está sendo advertido por mim, é a primeira advertência nesse debate, ok?”, disse Tramontina. Logo após, o influenciador teve o único direito de resposta concedido durante todo o debate.
O final tumultuado, com a expulsão de Marçal, foi seguido de uma agressão do assessor do candidato do PRTB, Nahuel Medina, que desferiu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Ricardo Nunes.
Tramontina classifica como “lamentável” o que aconteceu após a punição a Marçal. “Mas a exclusão estava na regra aceita por todos os candidatos”.
Segundo ele, o debate foi o melhor dos oito realizados até agora, apesar do tumulto final. “Antes disso, os candidatos passaram três blocos falando de São Paulo, dos problemas reais da cidade”.
PAULO PASSOS / Folhapress