Datena percorre ruas com armário de grife e foi para o debate da cadeirada com bolsa Louis Vuitton

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em uma campanha marcada por uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB), o candidato a prefeito José Luiz Datena (PSDB) chamou atenção logo na entrada com uma bolsa Louis Vuitton a tiracolo. Jornalistas se questionavam quanto custaria aquele totem.

Estreante na política, o comunicador desperta curiosidade pelo modo de se vestir, com roupas e sapatos de grifes, além de acessórios como óculos de sol, correntes, relógios e anéis banhado a ouro com brilhantes.

Fazem parte do seu cotidiano marcas como Boss, Diesel, Gucci, Paul & Shark, Ralph Lauren, Prada e Zegna.

Na primeira agenda de campanha após a cadeirada em Marçal no debate da TV Cultura, o tucano foi até o Capão Redondo, na zona sul, com uma jaqueta de capuz vintage da Gucci. O preço de uma peça parecida na internet beira R$ 30 mil.

Na maioria das vezes, mesmo sob sol escaldante, Datena caminha pela rua de calça jeans Diesel, camisa polo Ralph Lauren, mocassim Prada e óculos Ray-Ban.

Quando não, troca o mocassim Prada por um sapato social Louis Vuitton, como circulou pela Vila Nova Cachoeirinha, periferia da zona norte. Também pode trocar os óculos por um modelo Persol ou Prada.

Ray-Ban, porém, é o preferido. Em sua coleção, há modelos com lentes espelhadas e translúcidas. Alguns são discretos e outros nem tanto, como o de armação vermelha usado durante passeata em São Miguel Paulista (zona leste) na terça-feira (1º).

Nos poucos dias de frio que tem feito em São Paulo, o comunicador recorre a casacos de couros —muitos deles sem a exposição de uma logomarca. É o que os entendidos em moda chamam de “quiet luxury”, algo como riqueza discreta.

“É uma tendência do mercado de luxo na qual não se tem a ideia de logomania. Um recado, como se fosse ‘você é rico e não precisa ficar mostrando'”, afirma a especialista em estratégia de imagem e branding político, Deniza Gurgel, sócia da Quartzo Comunicação Estratégica.

É o contrário da logomania, a tendência de ostentar a marca nas peças de roupas e acessórios.

O figurino de Datena sublinha a postura de outsider nesta eleição. A reportagem apurou que assessores e a equipe de marketing da campanha não têm nenhuma influência sobre o estilo do tucano.

Com relação às vestes na corrida eleitoral, a única precaução da equipe é a de que Datena apareça de terno na televisão, evocando assim a imagem que o consagrou como apresentador nas últimas décadas.

O candidato acatou a sugestão dos assessores em partes. Gravou o horário eleitoral de paletó, mas usou uma jaqueta da Boss no debate realizado pela TV Record no último sábado (28).

“O Datena vem do show business, onde as pessoas têm acessos a essas marcas, e está se firmando como outsider. O uso da marca ajuda a reforçar de onde ele vem”, afirma Deniza.

Datena é vidrado no assunto. Em entrevista a um grupo de jornalistas que o acompanhava na Vila Mariana, o apresentador fez uma pausa para elogiar o calçado de um repórter de TV. “Bonito o seu sapato. Gostei”, falou o tucano.

O apreço pelas grifes, sugere a especialista Deniza, não influi na relação com o seu público, que em grande parte não tem condições financeiras de adquirir produtos de luxo.

Na hora de se aproximar da população e angariar votos, diz ela, o que vale é o estilo popular do candidato do PSDB e a imagem de uma carreira construída como apresentador de programa policial.

“É diferente, por exemplo, quando [Doria] foi até rotulado com a imagem de mauricinho, de playboy. O Doria, literalmente, não tinha essa ligação com as classes C, D e E”, afirma Deniza.

“O Datena tem uma linguagem fácil, debruça no púlpito dos debates, e isso tudo é elemento de comunicação.”

Doria, eleito prefeito de São Paulo em 2016 pelo PSDB, ganhou o apelido de coxinha graças ao estilo engomadinho, com sapatênis e agasalhos Ralph Lauren. Não à toa, um dos memes que circulou naquela eleição mostrava o uniforme dos alunos da rede municipal continha a logomarca com um jogador de polo.

Indagado sobre o tema na época, Doria disse que torcia pelo bem-estar da população e “um dia quem sabe todos os brasileiros vão poder usar polo Ralph Lauren”.

A reportagem tentou convencer Datena para falar sobre o seu estilo e abrir a coleção de óculos, mas o apresentador preferiu não comentar.

CARLOS PETROCILO / Folhapress

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