PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O último debate em Porto Alegre, promovido pela RBS TV na noite desta quinta-feira (3), foi marcado por trocas de acusações entre o prefeito Sebastião Melo (MDB) e as candidatas Maria do Rosário (PT) e Juliana Brizola (PDT) sobre omissão e responsabilidade pela tragédia das enchentes de maio na cidade.
Melo foi alvo de críticas pelas falhas no sistema de proteção de cheias da capital gaúcha, que causaram a inundação de mais de 40 bairros e afetaram cerca de 160 mil pessoas diretamente.
A petista disse que Melo não investiu em prevenção, sucateou o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos) e agora tenta escapar da culpa. “Transferiu a responsabilidade até para os moradores dos bairros”, disse a deputada federal.
Na mesma linha de críticas, Brizola também acusou o governo Melo de não se esforçar para zerar a fila de espera por consultas de saúde em Porto Alegre.
O candidato à reeleição retrucou em diferentes oportunidades que as duas pareciam jogar organizado. “São água da mesma vertente, farinha do mesmo saco, da esquerda que quer combater um governo de parceria”, disse Melo.
O emedebista defendeu seu trabalho durante as enchentes em Porto Alegre e disse que o sistema contra cheias “se mostrou insuficiente para a quantidade de cheias que enfrentamos”.
“Se fosse tão simples [de resolver], o Trensurb já estaria funcionando até o centro”, disse Melo, em alfinetada ao governo federal que administra o sistema de trens da região metropolitana.
Melo disse que a ajuda prometida pelo presidente Lula (PT) não está chegando na velocidade adequada e que a prefeitura está liderando os trabalhos de reconstrução de diques e estações de bombeamento de água pluvial.
O prefeito sustenta que a responsabilidade por prevenção a desastres naturais é do governo federal, de acordo com a Constituição, e fez críticas aos governos de Lula e Dilma Rousseff por não terem agido para aprimorar o sistema. Melo estendeu a crítica às gestões do PT em Porto Alegre. O partido governou a capital gaúcha entre 1989 a 2004.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia Melo e tem histórico de embates judiciais contra Maria do Rosário, não foi citado no debate.
O último encontro televisionado entre os candidatos também foi uma oportunidade para Maria do Rosário e Juliana Brizola disputarem o voto útil dos eleitores contra Melo.
A neta do ex-governador Leonel Brizola (1924-2004) tenta crescer na reta final da campanha após pesquisa eleitoral da Quaest, divulgada no dia 17 de setembro, mostrá-la com 17% dos votos contra 24% de Rosário. Na mesma pesquisa, Melo teve 41%.
A ex-deputada estadual disse três vezes nos primeiros minutos do debate que é a candidata com mais chances de derrotar Melo no segundo turno.
Ela também teceu críticas ao PT e a Rosário, questionando a deputada sobre o veto do presidente Lula à isenção de impostos de produtos da linha branca para atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul.
Em outros debates televisionados, Melo jogava em tabela com o candidato do Novo, o deputado estadual Felipe Camozzato, para tecer críticas aos projetos de Maria do Rosário e Brizola. Entretanto, Camozzato não foi convidado para o embate final.
O convite só é obrigatório para candidatos de partidos que tenham representação de ao menos cinco parlamentares na Câmara dos Deputados.
CARLOS VILLELA / Folhapress