BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O último debate entre os candidatos Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD), que concorrem à Prefeitura de Belo Horizonte, seguiu a tônica da reta final da campanha ao concentrar trocas de acusações entre os adversários.
No primeiro bloco do encontro promovido pela TV Globo nesta sexta-feira (25), praticamente não houve discussão sobre os temas da cidade.
Na fala de abertura, Fuad usou metade de sua reserva de tempo de dez minutos para se apresentar e reforçar as críticas que sua campanha tem feito ao adversário. O atual prefeito afirmou que Engler não tem experiência, lembrou que o candidato do PL não tomou a vacina contra a Covid-19 e disse que ele esteve ausente em 47% das sessões da Assembleia Legislativa.
“Você, trabalhador, se faltasse a metade dos dias de trabalho, o que aconteceria com você? Seria demitido ou teria o salário cortado?”, questionou Fuad.
Como resposta, Engler afirmou que seu trabalho deveria ser avaliado pela produtividade e lembrou do projeto de sua autoria que congelou o IPVA para os mineiros em 2022.
Na sequência, o candidato do PL retomou temas que sua campanha trouxe na reta final e cuja veiculação na TV e em redes sociais foi derrubada pela Justiça Eleitoral.
“O senhor me acusa de praticar fake news. O senhor escreveu ou não o livro ‘Cobiça’, erótico, pornográfico e que descreve um estupro coletivo de uma criança de 12 anos?”, questionou o deputado estadual, antes de ler um trecho do livro.
Fuad disse que essa é mais uma “fake news” do candidato do PL e reforçou que estava no debate para discutir propostas, não um livro.
Engler ainda citou uma feira de quadrinhos promovida pela prefeitura. Ele afirmou que foram expostos livros de “teor sexualmente explícito” em um local que tinha excursões escolares.
O mesmo assunto foi alvo de um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), apoiador de Engler, e que foi derrubado por decisão na Justiça nesta sexta-feira (25).
Fuad afirmou que a feira é organizada na cidade desde 1999 e que as crianças não tinham acesso aos locais em que livros de teor adulto ficavam.
“O senhor já perdeu 40 ações na Justiça, todas porque mentiu. Perdeu o tempo de TV de hoje e de amanhã por isso”, disse o candidato do PSD.
As trocas de acusações entre os candidatos fizeram com que o período de propaganda eleitoral, que iria até sexta, fosse estendido para o sábado para dar conta dos direitos de resposta dos candidatos.
A partir do segundo bloco, os dois abordaram mais questões relacionadas ao dia a dia da cidade.
Uma delas foi o transporte público, assunto que marcou toda a campanha deste ano, já que o próximo prefeito será o responsável por renovar o contrato de concessão de ônibus.
Os ataques, porém, também apareceram, quando Engler lembrou que o prefeito recebeu doações eleitorais de empresários do setor. Já Fuad disse que o adversário recebeu doações de mineradores e afirmou ser o primeiro prefeito a enfrentar as empresas de ônibus na cidade.
Ainda foram alvos de embates temas relacionados à segurança pública, educação e propostas para favelas.
Na reta final do encontro, a audiência viu um raro momento de concordância entre os candidatos. Engler reconheceu a qualidade da alimentação que é servida nas escolas municipais e questionou por que ela não era disponibilizada aos finais de semana. Fuad admitiu que a sugestão do adversário é “boa, inteligente”.
Em uma campanha marcada também pelos padrinhos, principalmente pelo lado de Engler, o nome do PL não citou em nenhum momento um de seus principais apoiadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas falou duas vezes o nome do presidente Lula (PT).
“O senhor [Fuad] apoiou o maior mentiroso da história, que é o Lula, e é apoiado por ele, apesar de esconder”, disse Engler.
Já o prefeito disse que tem diálogo com o governo federal e afirmou temer que Engler, caso eleito, poderia “isolar Belo Horizonte”.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress