Debate sem bate-boca tem Marçal em versão mansa e embates sobre propostas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma sequência de debates marcados por trocas de ofensas, o programa organizado pelo SBT, Terra e Nova Brasil com os candidatos à Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (20) teve discussão de propostas e escanteamento de Pablo Marçal (PRTB), que tenta corrigir a rota da campanha após sua rejeição decolar.

Marçal atingiu 47% de rejeição, segundo pesquisa Datafolha, e prometeu postura diferente de agora em diante. Durante o debate, adotou uma versão mais mansa, evitando ofensas e sem se referir aos adversários de forma repetida por apelidos.

“Quero pedir perdão, meu objetivo até agora, e a campanha começa agora, foi expor o perfil de cada um”, disse. “A minha pior [versão] eu já mostrei nos debates, a parir de agora você vai ver postura de governante”, completou o influenciador.

O debate ocorreu em meio a um cenário estável na corrida eleitoral, mesmo após o programa da TV Cultura, quando José Luiz Datena (PSDB) agrediu Marçal com uma banqueta. Seguem empatados à frente Ricardo Nunes (MDB), com 27%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 26%. Marçal, no centro da confusão, manteve-se com 19%.

Dessa vez, Marçal acabou isolado pelos adversários no primeiro bloco, até ser questionado por Tabata Amaral (PSB).

“Pablo Marçal é como jogo do tigrinho, com promessas falsas que podem atrair quem está desiludido. […] Por isso é importante conhecer a história das pessoas”, disse ela, relembrando polêmicas envolvendo o influenciador.

Marçal ganhou um direito de resposta e afirmou que nunca foi o palhaço: “Eu sempre respondi o palhaço”.

O autodenominado ex-coach, que em debates anteriores chamou Nunes de “bananinha”, mencionou polêmicas do prefeito, mas sem o tom agressivo habitual.

Ele afirmou que Nunes “tem um BO em relação a briga de família, violência doméstica, e está envolvido com mais de 100 pessoas na máfia da creche na Polícia Federal”.

O programa também teve dobradinhas entre Boulos e Datena e entre Nunes e Marina Helena (Novo).

Boulos começou o debate perguntando ao atual prefeito sobre o tema da violência doméstica, assunto sensível para o prefeito.

Em 2011, a mulher de Nunes, Regina Carnovale, fez um boletim de ocorrência acusando o prefeito de ameaça. O tema costuma tirar Nunes do sério.

Boulos não mencionou o caso especificamente, mas disse que “agressor de mulher será tratado como criminoso” em seu eventual governo.

O psolista também explorou a mudança de opinião de Nunes a respeito da obrigatoriedade da vacina da Covid para desgastar o adversário. O deputado do PSOL acusou o rival de mudar de posição a cada eleição.

“Vi Ricardo Nunes dizer que errou ao defender a obrigatoriedade da vacina. A vacinação foi tão importante na pandemia”, disse Boulos, pontuando que Nunes mudou para “agradar aliados”, em referência a Jair Bolsonaro (PL).

Nunes, então, se justificou e disse ter orgulho da atuação na pandemia. “Sou eu o prefeito que fez de São Paulo a capital da vacina”, disse. Ele ponderou, porém, que o que precisaria corrigir é o “passaporte da vacina”.

“Não precisa obrigar as pessoas, para ir a igreja, bar e restaurante, apresentar o passaporte”, disse ele, em aceno ao eleitorado conservador.

No segundo bloco, Marçal chegou a ensaiar uma defesa de Nunes quando Tabata afirmou que a prefeitura nada fez em relação à piora da qualidade do ar na cidade nas últimas semanas.

“Por mais que o atual prefeito é [sic] concorrente nosso, eu vi os comunicados na cidade de São Paulo. A gente não pode ser injusto com ele. Não precisa usar o nosso tempo para inventar”, disse.

Em seguida, porém, o influenciador lembrou da investigação da PF sobre a “máfia das creches”, que apura suspeitas de lavagem de dinheiro pelo atual prefeito quando ele ainda era vereador da cidade, e do boletim de ocorrência registrado pela mulher de Nunes. “Tem que ser justo naquilo que é bom e naquilo que é ruim.”

Tabata respondeu que acha curioso o “joguinho combinado em que todo mundo virou amiguinho”. “Tem algo por trás”, disse.

Em diversos momentos do debate, os candidatos se dirigiram ao eleitor para criticar o que enxergam como promessas vazias dos adversários, fazendo referências à descrença na política. “A maioria dos que aqui estão prometem mundos e fundos e sabem que não vão entregar”, afirmou Datena.

No último bloco, Marçal subiu um pouco o tom ameno que vinha adotando. Ao responder pergunta de Tabata sobre violência doméstica, ele afirmou que havia dois agressores no debate, sem citar nenhum nome. Em outras ocasiões, ele já havia ressaltado o boletim contra Nunes e a acusação de assédio contra Datena. Nunes e Datena pediram direito de resposta.

Os candidatos ainda têm pela frente debates programados nos dias 28, da TV Record, 30, promovido pela Folha de S.Paulo e UOL. O último será organizado pela TV Globo, no dia 3 de outubro.

ANA LUIZA ALBUQUERQUE, ARTUR RODRIGUES, CAROLINA LINHARES, MARIANA ZYLBERKAN E VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress

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