BRASÍLIA, DF (FOLHAPERSS) – O escolhido por Lula (PT) para chefiar a Secom (Secretaria de Comunicação Social) governo, Sidônio Palmeira, disse nesta quarta-feira (8) que a decisão da Meta de pôr fim ao seu programa de checagem de fatos é um problema para a democracia.
Em entrevista a jornalistas durante evento de dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro, o publicitário disse que seu objetivo no governo será fazer com que “a comunicação chegue na ponta”.
“Isso é importante, e tem vários meios para isso”, afirmou, acrescentando que os meios de comunicação mudaram com o avento das redes sociais, mas que entrevistas também são importantes.
Ao ser questionado se o anúncio do CEO da empresa, Mark Zuckerberg, complica esse objetivo do governo, Sidônio disse que “a decisão da Meta já é um problema”. “É um problema também para a democracia, que a gente está discutindo aqui”, afirmou.
Sidônio, que assumirá a Secom com a saída de Paulo Pimenta, conquistou a confiança do petista em 2022, ao comandar o marketing da campanha vitoriosa ao Palácio do Planalto.
Foi o terceiro baiano a executar a tarefa –em 2002, ela coube a Duda Mendonça e, em 2006, a João Santana.
Ao contrário dos antecessores, porém, Sidônio é pouco afeito aos holofotes, não gosta de ser chamado de marqueteiro e costuma criticar publicitários que ganham maior notoriedade que os candidatos.
Nesta quarta, ele também disse que a extrema direita ressurgiu com o surgimento das redes sociais, e que as redes proliferam notícias falsas e ódio. “Essa é uma característica inerente a isso. Não estou falando aqui do governo, estou vendo essa análise mais geral da gente fazendo estudo sobre esse tema”, disse.
Nesta terça-feira (7), a Meta anunciou um conjunto de mudanças em suas práticas de moderação de conteúdo que devem pôr fim ao seu programa de checagem de fatos estabelecido em 2016 para conter a disseminação de desinformação em seus aplicativos.
Em vídeo publicado em sua conta no Instagram, Zuckerberg também atacou “decisões secretas” de tribunais latino-americanos. Sem citar o STF explicitamente, Zuckerberg diz que governo americano precisa ajudar a combater o que está sendo feito pelo Judiciário na região.
“Países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa”, disse ele (leia a íntegra abaixo).
“Os fact checkers [moderadores] foram muito enviesados e destruíram mais confiança do que criaram, especialmente nos EUA. Vamos nos livrar deles”, disse, definindo a eleição de Donald Trump como um ponto de virada para a liberdade de expressão.
JOSÉ MARQUES, MARIANNA HOLANDA E RANIER BRAGON / Folhapress