SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 25, acusado de fugir após bater seu Porsche em um Renault Sandero e causar a morte de um motorista de aplicativo na madrugada de domingo (31), na região do Tatuapé, zona leste de São Paulo, afirma que o ocorrido foi “uma fatalidade causada pela batida dos veículos de Fernando e do Sr. Ornaldo”.
“Prematuro, neste momento, julgarmos as causas do acidente, na medida em que os laudos das perícias realizadas ainda não foram concluídos”, diz nota assinada pelos advogados Carine Acardo Garcia e Merhy Daychoum.
Segundo boletim de ocorrência, o Porsche dirigido pelo empresário bateu na traseira do Sandero conduzido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52. Ele foi levado por bombeiros ao Hospital Municipal do Tatuapé, mas não resistiu aos múltiplos traumatismos. As imagens do acidente mostram o forte impacto da batida.
A nota dos advogados nega que Fernando tenha fugido do local do acidente. De acordo com a defesa, quando o empresário saiu do local, acompanhado da mãe, já havia socorro sendo prestado às vítimas e ele já havia sido qualificado pelos policiais militares.
O empresário foi liberado pela Polícia Militar para ser encaminhado ao Hospital São Luiz Ibirapuera, devido a um ferimento na boca, mas não foi encontrado no local por policiais que o procuraram na unidade para ouvi-lo e fazer o teste do bafômetro. A informação recebida foi que Fernando não havia dado entrado em nenhum hospital da rede São Luiz. Além disso, ele e a mãe não atenderam as ligações dos policiais.
Nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma que a Polícia Militar apura a dinâmica da ocorrência para identificar eventual erro no procedimento operacional.
Os advogados afirmam que havia receio de linchamento, pois “naquele momento ele passou a sofrer linchamento virtual” e por isso houve a decisão de “resguardo”. A nota da defesa afirma ainda que Fernando estava em choque por causa do acidente e da informação sobre a morte do motorista do outro veículo.
“Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando”, afirmam os advogados.
A defesa disse ainda que entraria em contato com a família do motorista de aplicativo para prestar solidariedade e a assistência necessária.
“Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade”, completam os advogados.
Empresário deixa o 30º DP
Nesta segunda-feira (1º), a Polícia Civil chegou a pedir a prisão temporária de Fernando, após ele se apresentar no 30º Distrito Policial, no Tatuapé. Fernando foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso, quando há intenção de matar, além de lesão corporal e fuga do local de acidente.
“Ele usou o carro como arma”, afirmou o delegado assistente Nelson Vinicius Alves após o depoimento do empresário.
A prisão foi negada pelo juízo do plantão judiciário por falta de preenchimento dos requisitos necessários.
“Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando”, diz a defesa.
LEIA A NOTA COMPLETA DA DEFESA DO EMPRESÁRIO:
“O ocorrido foi uma fatalidade causada pela batida dos veículos de Fernando e Sr. Ornaldo. Prematuro, neste momento, julgarmos as causas do acidente, na medida em que os laudos das perícias realizadas ainda não foram concluídos.
Não obstante, importante destacar que Fernando não fugiu do local do acidente, uma vez que já havia socorro sendo prestado às outras vítimas, Fernando já devidamente qualificado pelos policiais militares de trânsito, tendo sido liberado pela Polícia Militar para que fosse encaminhado ao hospital. Contudo, por fundado receio de sofrer linchamento, já que naquele momento passou a sofrer o “linchamento virtual”, bem como por conta do choque causado pelo acidente e pela notícia do falecimento do motorista do outro veículo, foi necessário seu resguardo. Na presente data, Fernando se apresentou espontaneamente na sede do 30º Distrito Policial em São Paulo.
Pôde, então, prestar depoimento, apresentando sua versão dos fatos. Embora tenha sido requerida sua prisão temporária, a cautelar foi negada pelo juízo do plantão judiciário, por falta de preenchimento dos requisitos autorizadores de tal prisão.
Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando.
Por fim, informamos que estamos entrando em contato com a família do falecido, Sr. Ornaldo, a fim de prestar nossa solidariedade, bem como assistência necessária. Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade.”
CRISTINA CAMARGO / Folhapress