SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-advogado de Donald Trump Michael Cohen foi interrogado pela defesa do ex-presidente dos EUA nesta terça-feira (14), que recuperou uma série de ataques online feitos por Cohen contra Trump em uma tentativa de demonstrar que a motivação do advogado é a vingança.
Cohen é a principal testemunha da acusação no caso contra o ex-presidente em Nova York, no qual Trump é acusado de falsificar os registros financeiros de uma de suas empresas para ocultar o pagamento à atriz pornô Stormy Daniels. O escândalo veio a público em 2018.
No depoimento que deu na segunda (13), Cohen disse que seguiu ordens diretas de Trump ao pagar pelo silêncio de Daniels, que ameaçava, às vésperas da eleição presidencial de 2016, revelar uma relação sexual com o republicano que teria ocorrido em 2006.
Na terça, foi a vez de Cohen ser interrogado pela defesa, que trouxe à tona postagens do ex-advogado em redes sociais chamando Trump de “ditador babaca”, “misógino de desenho animado” e “vilão de história em quadrinho coberto de Cheetos”.
O advogado de Trump Todd Blanche também relembrou o histórico problemático de Cohen –o ex-advogado mentiu sobre o caso várias vezes, algumas delas em depoimentos à Justiça, e chegou a passar quase três anos preso por este e outros crimes. Ele terminou de cumprir a sentença em 2021.
Neste primeiro dia de interrogatório, Blanche evitou fazer perguntas sobre o pagamento de US$ 130 mil que é central para a acusação de fraude contra Trump. Ao invés disso, se concentrou no caráter de Cohen e nos repetidos ataques contra o bilionário para tentar explicar ao júri que o advogado passou por uma transformação ao longo dos anos –de aliado próximo de Trump a desafeto e crítico ferrenho.
Blanche sugeriu também que Cohen é motivado por dinheiro, vingança e fama ao atacar Trump, e não por justiça. Ele perguntou sobre os milhões de dólares que o ex-advogado ganhou ao escrever livros sobre o caso e ao lançar um podcast contra Trump.
O julgamento do ex-presidente, que é o candidato republicano à Casa Branca nas eleições marcadas para novembro deste ano, é o primeiro de quatro casos criminais aos quais Trump responde, e provavelmente o que será concluído primeiro. Cohen é a última testemunha a ser chamada pela acusação.
No caso de Nova York, o republicano pode ser condenado a, no máximo, quatro anos de prisão. Entretanto, especialistas apontam que o mais provável é que o juiz decida por uma multa caso o júri declare Trump culpado.
Trump nega que teve qualquer relação sexual com Daniels e que realizou os pagamentos. Ele diz que a acusação faz parte de uma caça às bruxas incentivada pelo presidente Joe Biden com o objetivo de prejudicar sua campanha à Casa Branca.
O ex-presidente tem recebido apoio de figuras importantes de seu partido, como o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, que esteve presente no julgamento na segunda e na terça e atacou Cohen. Johnson repetiu os pontos da defesa e disse em uma entrevista coletiva que o ex-advogado “é um homem que tem uma missão pessoal de vingança e um histórico de mentiras. Ninguém deveria acreditar em nada do que ele diz”.
Redação / Folhapress