LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – O diretor Walter Salles disse que deve muito aos espectadores brasileiros os prêmios e as indicações que seu filme “Ainda Estou Aqui” tem colecionado mundo afora. Afinal, sem a maior bilheteria nacional do ano no país e o engajamento online, o longa não estaria ganhando tanto espaço na mídia internacional, um empurrão essencial na campanha das premiações.
“O público brasileiro abraçou e se apropriou do filme, criou reflexão a partir do filme. E as matérias do New York Times, do The Guardian, da agência AFP usaram isso de ponto de partida”, diz Salles à reportagem neste domingo, antes da cerimônia do Globo de Ouro.
“É muito claro para todo mundo que fez o filme que o maior presente que a gente poderia ganhar, a gente já ganhou. É o retorno do público brasileiro às salas de cinema para vivenciar esse filme de uma forma coletiva e para se reencontrar com uma parte da história do Brasil que merecia ser melhor investigada.”
Esta é a quarta vez que Salles é indicado ao Globo de Ouro, após “Central do Brasil” (1998), que ganhou o troféu de filme internacional, “Abril Despedaçado” (2001) e “Diários de Motocicleta” (2004). “Ainda Estou Aqui” também concorre a atriz de drama com Fernanda Torres.
Salles acredita que há poucas chances de ganhar e diz que o favorito da noite será “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, que conta com dez indicações ao todo.
“Nós definitivamente não somos favoritos”, diz Salles. “É inegável que há um claro favorito, que é o filme que teve mais indicações, o filme do Audiard.”
Mas o filme que Salles mais gostou entre os indicados da categoria é ainda outro. Ele cita “Tudo que Imaginamos como Luz”, da diretora indiana Payal Kapadia, que também disputa melhor direção.
“É um filme que me transportou para o universo daquelas três mulheres enfermeiras em Bombaim, e a cidade é também um personagem do filme”, diz Salles.
“O cinema às vezes permite essa transmutação, você está junto com aqueles personagens, você sente o que elas sentem. É uma coisa quase tátil e sensorial. Fiquei profundamente comovido também pelo talento da realizadora.”
FERNANDA EZABELLA / Folhapress