SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O delegado da PF no Paraná Mário César Leal Júnior é investigado por agredir um professor do filho em um colégio em Guaíra, cidade localizada a cerca de 640 quilômetros de Curitiba, na fronteira com o Paraguai. Ele alega que o filho foi vítima do crime de injúria por parte do docente.
Mário César é acusado de tentar sufocar, dar voz de prisão e apontar uma arma para o rosto de Gabriel Barbosa Rossi Silva, que leciona no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo.
Segundo o relato do professor, o delegado o procurou na última sexta-feira (30), na porta da escola, após o filho ter recebido uma advertência do docente por uma brincadeira sobre o professor ter calvície.
Esse alerta sobre o comportamento do estudante foi dado em uma conversa privada, conforme disse Silva à reportagem. Ao falar com o jovem, porém, ele diz que também aproveitou a oportunidade para chamar a atenção do estudante para outras situações em que ele teria tido falas preconceituosas, inclusive contra outros professores. “Foram comportamentos que considerei serem machistas, racistas, nazistas e gordofóbicos, mas eu sei que ele não é nazista. Eu, como professor de História, avaliei que pudesse ter autonomia para fazer isso”, afirmou o docente à reportagem.
Após o ocorrido, o professor diz que Mário César foi até a escola para tirar satisfação no final do expediente, tentou sufocá-lo, deu voz de prisão e apontou uma arma para rosto dele. “A equipe pedagógica da escola até tentou conversar com ele, mas se afastaram quando viram que ele estava armado. Ele só me soltou quando outros pais de estudantes falaram com ele”, contou Silva.
Na versão do delegado, Silva cometeu injúria contra o filho dele. Em boletim de ocorrência registrado na 13ª Delegacia Regional de Guaíra, ao qual a reportagem teve acesso, Mário César afirmou que o professor teria dito que o filho dele é “uma das pessoas mais desprezíveis que já conheceu” e que “comemoraria o dia em que o estudante saísse da escola”. De acordo com o registro feito pelo delegado, Silva também teria acusado o garoto de ser “nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico”.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil disse que recebeu o registro da ocorrência e realiza oitivas para apurar as circunstâncias do episódio. No Twitter, o ministro Flávio Dino (Justiça) também afirmou que a PF faz diligências sobre o caso. A reportagem entrou em contato com o delegado, que disse que só iria se manifestar “em breve”. “Creio que a verdade vai surgir em meio à cortina da fumaça que criaram”, escreveu Mário César por mensagem.
CAÍQUE ALENCAR / Folhapress