Delegado Rivaldo Barbosa nega ligação com os Brazão e afirma que Marielle auxiliava em investigações

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O delegado Rivaldo Barbosa negou em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (3) ter auxiliado os irmãos Brazão no planejamento da morte de Marielle Franco. Ele afirmou que mantinha contato com a vereadora e que ela dava auxílio em investigações da Divisão de Homicídios.

O depoimento foi prestado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), após pedido do delegado para ser ouvido. Rivaldo, ex-chefe de Polícia Civil, disse que está sendo acusado por um “delator assassino”, em referência ao ex-PM Ronnie Lessa.

Preso desde março, Rivaldo é acusado de ter ajudado o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão no planejamento do homicídio e na posterior obstrução das investigações do caso. Os três foram indicados na delação de Lessa.

Eles negam a acusação. Como a Folha de S.Paulo mostrou, a PF não apresentou provas de corroboração sobre o planejamento do crime.

Rivaldo se negou, por orientação de sua defesa, a responder perguntas sobre as consultorias que mantinha em sociedade com sua mulher, Erika Andrade. A PF, por sua vez, impediu que o depoimento fosse gravado em vídeo, como solicitados pelos advogados do delegado.

O delegado disse que “nunca teve qualquer relação pessoal, profissional, política, religiosa ou de lazer” com os irmãos Brazão. Negou também que terceiros tenham feito qualquer intermediação entre eles.

O ex-chefe de Polícia Civil afirma que os dois sempre figuraram como suspeitos do crime. Ele disse ter ouvido do delegado Giniton Lages que os dois foram alvos de “diversas cautelares”.

Segundo o delegado, Lessa incluiu seu nome na delação “para dar credibilidade ao seu relato, em razão da imponência de seu nome”.

Ele afirmou à PF que tem “índole, história, carreira e jamais faria algo dessa proporção contra alguém”.

O delegado disse ter conhecido Marielle por meio de Marcelo Freixo (PT), à época deputado estadual, de quem ela foi assessora. Segundo ele, a vereadora inicialmente acompanhava o ex-deputado em visitas à Delegacia de Homicídios para tratar de assuntos relacionados à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

Depois de um determinado período, Rivaldo diz que passou a receber Marielle sozinho para tratar dos assuntos da comissão. Segundo o delegado, a vereadora “começou a lhe auxiliar nas investigações”.

“Numa oportunidade, um sargento do Bope [Batalhão de Operações Especiais] morreu numa operação policial no Complexo do Maré e Marielle auxiliou a ouvir testemunhas do fato na 22ª DP”, disse o delegado.

Ele afirmou que os contatos não eram frequentes, mas que mantinha boa relação com a vereadora.

ITALO NOGUEIRA / Folhapress

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