RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em evento com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Petrobras anunciou nesta segunda-feira (17) licitação para a encomenda de oito navios e estudos para reaproveitar plataformas antigas de produção de petróleo.
A estatal, assim, segue a Vale no papel de dar palanque a Lula em sua busca por reverter a baixa popularidade impulsionada pela inflação dos alimentos e pela crise do Pix -na sexta (14), a mineradora também anunciou investimentos ao lado do presidente.
Pouco antes do evento da Vale na sexta, pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação de Lula atingiu o menor patamar de todos os seus governos. Em uma série de eventos pelo país, o presidente tentou reforçar avanços econômicos e culpar fake news pelo desempenho.
O evento da Petrobras foi realizado em Angra dos Reis, a 160 quilômetros do Rio de Janeiro, e foi negociado em reunião de Lula com a presidente da estatal, Magda Chambriard no fim de janeiro, que foi marcada por vazamento de informações sobre reajuste do diesel.
A Petrobras promoveu ainda uma feira de negócios da indústria naval, setor caro ao presidente da República.
Em seus primeiros mandatos, Lula promoveu um ciclo de retomada da construção naval no país, encerrado após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato -que envolveu construtoras que construíram estaleiros em busca de encomendas da Petrobras.
Um dos responsáveis pela execução do programa de retomada do setor, Sergio Machado chegou a fazer delação premiada confessando ter recebido propina quando presidia a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e combustíveis.
No evento desta segunda, o presidente voltou a criticar a Lava Jato. “O que estava em jogo naquele momento era a destruição da indústria de engenharia desse país e a tentativa de destruir a Petrobras criando imagem negativa da Petrobras no mundo”, afirmou.
Ele afirmou que, mesmo sendo mais barato construir no exterior, a Petrobras tem que ajudar o Brasil. “Vamos continuar construindo navio, vamos continuar construindo sonda, vamos continuar construindo plataforma”, disse, “porque essa é a missão de vocês”.
Os oito navios anunciados nesta segunda serão encomendados pela Transpetro. São embarcações para o transporte de gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha. O pacote será dividido em dois lotes, com restrição para evitar que a mesma empresa vença ambos.
Um dos lotes terá três navios do tipo semirrefrigerado, que permite o transporte de amônia, segmento em que a Transpetro ainda não atua. O cronograma do edital prevê que a primeira das oito embarcações deve ser lançada ao mar em até 30 meses.
A estatal já lançou uma primeira encomenda de navios sob Lula, para a construção de quatro embarcações para o transporte de combustíveis, vencida por consórcio formado pelo Estaleiro Rio Grande e pelo estaleiro McLaren. O plano de renovação de frota da Petrobras prevê 25 navios até 2030.
Em outra frente, a empresa anunciou estudos para reaproveitar dez plataformas que serão desmobilizadas até 2029, em uma mudança de postura em relação à gestão Jean Paul Prates, demitido por Lula em 2024.
Inicialmente, a empresa venderia as unidades para siderúrgicas, que contratariam estaleiros para o desmonte. O plano, defendido na gestão Prates, ajudaria a movimentar a indústria naval brasileira. Um contrato chegou a ser assinado com a Gerdau para desmonte da P-32 no Estaleiro Rio Grande.
Em nota, a Petrobras disse que a reutilização de embarcações pode gerar benefícios como “a redução de custos logísticos, o fortalecimento da base de fornecedores e a promoção de melhores práticas de sustentabilidade.”
“A expectativa é que essas iniciativas impulsionem a geração de empregos e ampliem a participação da indústria brasileira no setor naval e offshore”, afirmou, também em nota, a presidente da estatal.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress