SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Em sessão na Assembleia Legislativa do Paraná nesta segunda-feira (9), o deputado estadual Renato Freitas (PT) foi alvo de uma fala racista. A sessão também foi marcada por bate-boca entre Freitas e o presidente da Casa, o deputado Ademar Trajano (PSD)
Enquanto falava, Renato Freitas foi alvo de uma fala racista vinda de uma mulher que estava na galeria da Assembleia, dizendo para ele “tirar o piolho do seu cabelo”. Antes disso, Freitas foi interrompido com vaias e gritos diversas vezes por um grupo de evangélicos que acompanhava a sessão.
Em um segundo discurso, Freitas foi interrompido novamente e pediu reestabelecimento de seu tempo, o que foi negado pelo presidente da Casa, o deputado Ademar Traiano (PSD). Traiano disse que “o tempo foi congelado”, enquanto Freitas afirmou que viu o tempo continuar correndo enquanto era interrompido. Após Renato Freitas pedir novamente a retomada de seu tempo e dizer que os presentes na tribuna eram “hipócritas religiosos”, Traiano ordenou que cortassem o microfone do deputado, afirmando que “não há nenhum hipócrita aqui dentro”.
Renato Freitas então se dirigiu a outro microfone e disse que Traiano “não é rei” e pediu respeito, mas o microfone foi fechado novamente. Segundo o deputado, é recorrente que seu microfone seja fechado pelo presidente da casa. O deputado levanta e se aproxima da mesa diretora, afirmando que Traiano é corrupto e pedindo que o respeite. O presidente da Casa pediu que a Comissão de Ética abra uma apuração contra Renato Freitas.
As pessoas que acompanhavam a sessão eram da Igreja Evangélica ‘O Alvo’, e foram ao local para manifestar sua posição contrária à legalização do aborto.
ENVOLVIDOS RESPONDEM
Renato Freitas afirmou que “foi vaiado e insultado pelos supostos evangélicos”, e que Ademar Traiano “preferiu ignorar o pedido e cortar seu microfone, mesmo estando devidamente inscrito”. Freitas também diz que “encarou o autoritarismo” de Traiano, “que já está há mais de 30 anos como deputado”.
A reportagem enviou mensagem à igreja ‘O Alvo’, questionando a posição da instituição frente às interrupções feitas a Renato Freitas, mas não recebeu retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
A reportagem também entrou em contato com a Assembleia Legislativa do Paraná, para saber se o tempo de Renato Freitas havia sido congelado ou não, mas também não recebeu resposta. A assessoria de Ademar Traiano também não respondeu.
THIAGO BOMFIM / Folhapress