RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Derrotas nas eleições precipitam disputa interna pelo comando do PT

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O mau desempenho eleitoral do PT precipitou uma disputa pelo comando do partido, cujo atual mandato se encerra apenas no dia 30 de junho. Colaboradores diretos do presidente Lula passaram a defender até mesmo a antecipação da saída da presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), hipótese só possível em caso de renúncia —o que ela descarta.

Segundo relatos, a possibilidade de Gleisi deixar a presidência do PT já em fevereiro foi citada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante uma reunião dos dois com Lula.

Na conversa, o presidente perguntou a Gleisi sobre o processo eleitoral do partido, a ser iniciado em 2025. A deputada respondeu que seu mandato termina em junho. Padilha a questionou se não seria em fevereiro, o que ela negou.

A briga pela condução do partido é travada dentro da força política liderada por Lula, a CNB (Construindo um Novo Brasil). O presidente atua para deter a implosão da tendência em meio à troca de acusações de seus integrantes.

Enquanto uma ala da CNB prega a renovação da direção do partido (tendo à frente o prefeito de Araraquara, Edinho Silva), outra responsabiliza ministros de Lula pelo resultado do PT nas urnas.

Em desabafos após o primeiro turno, dirigentes do PT chegaram a afirmar que Lula é blindado por ministros bajuladores hoje instalados na chamada cozinha do Palácio do Planalto, todos petistas.

Gleisi rejeita a possibilidade de deixar o cargo antes do previsto e diz que ficará até o fim de seu mandato. Ela nega que Lula tenha sugerido a antecipação da sua substituição e afirma que pretende cumprir seu mandato conforme acertado com o próprio presidente.

Seu mandato foi prorrogado a pedido de Lula. Em dezembro de 2022, após ter sido eleito presidente, Lula afirmou a aliados que Gleisi seguiria à frente do partido e, portanto, não seria ministra em seu governo.

A ideia era evitar que uma disputa fosse deflagrada no primeiro ano de seu governo, prejudicando os preparativos para a corrida municipal. Gleisi lembra que não há como antecipar a eleição interna e diz que pretende conduzir o processo.

“Vou ficar até o fim do mandato. E conduzir a sucessão. Esse foi meu compromisso, inclusive com o presidente Lula”, diz ela.

A presidente do PT tem classificado de legítima a candidatura de um nome do Nordeste. Esse gesto é entendido como uma prova de resistência ao nome de Edinho.

Ele é o preferido de Lula para a vaga. Ministro do governo Dilma, Edinho atuou na coordenação de campanha do presidente em 2022. A derrota em Araraquara (SP), cidade da qual é prefeito, tem sido usada para debilitar sua candidatura.

O partido tinha expectativa de vencer na cidade com a ex-secretária da Saúde Eliana Honain, apadrinhada de Edinho. Apesar de ser apontada como favorita em pesquisas eleitorais, ela foi derrotada por Luis Claudio Lapena Barreto, o Dr. Lapena, do PL.

Diante desse cenário, integrantes da sigla afirmam ser necessário que um representante do Nordeste seja alçado ao posto, já que a região foi a responsável pela vitória ao petista na última eleição à Presidência.

Nesse contexto, é lembrado o nome do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). A interlocutores ele diz que tem um acordo com a cúpula do partido e lideranças do Ceará para tentar o Senado em 2026, o que impossibilitaria ser presidente do PT.

Apesar disso, no entanto, tem afirmado que só tratará desse assunto após o segundo turno das eleições. A interlocutores afirmou que esse foi um pedido da própria Gleisi, para que ele não tomasse nenhuma decisão antes dos resultados do segundo turno.

Guimarães tem se dedicado à campanha de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza. Na capital cearense, o petista tem como adversário o deputado federal André Fernandes (PL), apoiado por Jair Bolsonaro.

Defensores da candidatura de Guimarães dizem que uma vitória em Fortaleza, capital mais populosa do Nordeste, impulsionaria o nome do deputado para ser presidente do partido, já que ele sairá fortalecido nesse cenário.

Ex-presidente do PT de São Paulo, o deputado estadual Emídio de Souza rechaça a ideia de condicionar a escolha do presidente do partido à performance eleitoral.

“A escolha do presidente do PT nunca esteve vinculada ao desempenho eleitoral. E, sim, ao perfil. Acho que, neste momento, Edinho tem o perfil ideal para reposicionar o PT na sociedade”, diz ele.

Petistas enxergam, por trás dessa disputa, a eleição presidencial de 2026. À frente do partido, Gleisi tem feito críticas à política econômica conduzida por Fernando Haddad (Fazenda), apontado como um nome para a sucessão de Lula caso o presidente não busque a reeleição.

As críticas de Gleisi a teriam afastado do núcleo do governo. Hoje, uma das hipóteses para a antecipação de sua saída seria um convite para um ministério, em uma reforma ministerial.

A sucessão no PT entrará formalmente em pauta a partir da segunda-feira (28), quando o comando do partido fará um balanço das eleições. O calendário do processo interno será definido em dezembro, durante reunião do diretório nacional. Mas petistas calculam serem necessários pelo menos três meses para a eleição da nova direção do partido.

CATIA SEABRA E VICTORIA AZEVEDO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS