SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Candidatos do CNU (Concurso Nacional Unificado) -conhecido também como Enem dos concursos- chegaram na manhã deste domingo (5) aos locais de prova e foram surpreendidos com portões fechados e instituições vazias.
A surpresa infeliz acontece após o adiamento da prova, anunciado na sexta (3) pela ministra Esther Dweck, da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. A decisão foi tomada após chuvas deixarem mortos no Rio Grande do Sul e temporais atingirem Santa Catarina nos últimos dias.
Os inscritos afirmam que não souberam do anúncio e que não houve notificação da mudança na data.
“Tomei um susto, dei diversas voltas no quarteirão para ter certeza que não estava errando o local da prova, eu não vi nenhuma notícia, não recebi nenhuma notificação ou email, só descobri agora que foi adiada”, disse Aline Kalafi, 32, uma das candidatas que não soube do adiamento.
Kalafi, que é nutricionista, afirma que estava se preparando para o “Enem dos concursos” desde sua inscrição e que não viu o tema sendo repercutido em jornais ou redes sociais.
Alguns candidatos da seleção compartilharam o choque do adiamento X, antigo Twitter. Entre os comentários, o mais comum aponta a falta de comunicação do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) sobre o adiamento.
A pasta responsável pela organização do concurso enviou, no sábado (4), email aos candidatos avisando do adiamento da prova e a não-realização do mesmo na data prevista.
O MGI foi procurado, mas ainda não respondeu.
Eduardo Almeida, 44, também não sabia do adiamento. Inscrito no bloco temático de Trabalho e Saúde do Servidor, ele afirma que ouviu falar sobre as chuvas e possibilidade de adiamento, mas não a oficialização.
“Tenho sorte de morar na região, o deslocamento demanda tempo e nem todos têm essa facilidade. O concurso é a oportunidade de melhorar de vida, de estabilidade, mas realmente é uma situação complicada que estamos passando no sul, temos que nos solidarizar.”
Almeida, apesar de se dizer levemente frustrado, vai usar o tempo extra –O MGI não anunciou nova data para a realização da prova– para estudar mais para a seleção.
“Não tem muito tempo que me preparo, venho estudando, mas não sou um concurseiro. Por um lado, tem essa questão de aproveitar a ‘oportunidade’, porém, fica um pouco de ansiedade para a prova que não estava planejado.”
QUAL A NOVA DATA DAS PROVAS?
O governo não tem ainda uma nova data das provas, que será aplicada de forma simultânea em todas as 228 cidades previstas no edital. Para definir a data, é preciso aguardar o que será feito em relação ao Sul, porque as chuvas ainda não pararam.
Há, no entanto, o cronograma de horário de aplicação. Ele não deve mudar e deve ser mantido no dia em que o exame ocorrer.
AS PROVAS ESTÃO SEGURAS? COMO SABER SE NÃO VÃO VAZAR?
As provas estão mantidas em unidades dos Correios. Desde o início da produção das provas, elas estão sendo acompanhadas pela Abin, pela Polícia Federal, pela Polícia Federal Rodoviária e o Ministério da Justiça.
QUAL A SITUAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL PARA LEVAR AO ADIAMENTO DO CONCURSO?
Até a manhã de domingo (5), o estado registrava 66 pessoas mortas e 101 desaparecidas em decorrências das chuvas. Ao menos 80 mil estão desalojados e 421 imóveis estão sem energia elétrica.
Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 332 municípios foram afetados pela enchente histórica, o que corresponde a mais da metade dos municípios gaúchos. São 707.190 pessoas afetadas pela tragédia
PATRICK FUENTES / Folhapress