Desmatamento norteará nova rodada de recursos para Fundo Amazônia

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS – O embaixador da Noruega no Brasil, Odd Magne Ruud, disse, em entrevista à reportagem, que vê com otimismo a retomada da agenda ambiental e que, no Fundo Amazônia, novos recursos são condicionados à redução do desmatamento.

“Até o momento, o que vimos foi positivo”, disse o embaixador em referência aos dados mais recentes.

Em abril, o desmatamento da floresta amazônica caiu 68% em relação ao ano anterior, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

No governo Jair Bolsonaro, o fundo ficou suspenso após violação de contrato pelo governo à época. Ao longo de seus quatro anos de mandato, o desmatamento avançou 60%.

Sob Lula, as políticas de proteção ambiental e de redução do desmatamento foram retomadas.

“Ficamos muito felizes com a reativação do fundo, que hoje conta com cerca de R$ 4 bilhões”, disse Ruud. “Não é uma quantia pequena, mas estamos esperando os novos números do desmatamento [que balizam novos investimentos].”

O embaixador e o ministro de Clima e Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, visitaram o Ibama, junto com a ministra do meio Ambiente, Marina Silva, em março. Ele se disse satisfeito em perceber como o assunto voltou à agenda do governo brasileiro.

“As imagens do satélite sempre mostram de ano a ano. Existem mês a mês [feitas pelo Deter], mas teremos uma radiografia completa agora em agosto e saberemos como foi [o desmatamento em relação ao ano passado].”

O diplomata disse que EUA, Reino Unido e a União Europeia já anunciaram mais recursos ao fundo no governo Lula e que, a partir de agora, é preciso aguardar os trâmites da apresentação de projetos para que os recursos sejam utilizados.

“O fundo não é da Noruega, como muitos pensam. Somos o maior doador e somente observadores. Quem cuida das diretrizes é o Cofa, comitê brasileiro formado por dez do governo federal, incluindo o BNDES, nove governos estaduais, e seis representantes da sociedade civil.”

A definição de novos aportes depende da redução de emissão de gases estufa decorrentes da desaceleração do desmatamento.

Em média, esse cálculo é feito a cada quatro anos. Mas nada impede que haja doações ao fundo antes disso caso os dados oficiais comprovem a redução do desmatamento.

Ruud disse que, no Brasil, defende uma pauta de negócios de transição energética e de descarbonização da economia por meio de empresas norueguesas.

Ele considera que o Brasil é um dos principais mercados para o que chama de “exportações verdes” e pretende estimular esse mercado para que, até 2030, as exportações de seu país cresçam em 50% alinhadas com essa política.

JULIO WIZIACK / Folhapress

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