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Desvalorização do real impacta inflação de alimentos no Brasil, diz Galípolo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (22), em audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, que a alimentação no domicílio é o grupo (dentro dos preços livres) mais impactado pela depreciação do real.

Segundo apresentação da autoridade monetária, uma depreciação cambial de 10% aumenta a inflação de alimentos em 1,4 ponto percentual.

“Estamos falando de 60%, 70% da produção de commodities e alimentos no país com alguma correlação elevada com a taxa de câmbio”, disse Galípolo em sua fala inicial, ressaltando que mais da metade das despesas dos empreendimentos rurais está ligada, em algum grau, ao câmbio.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,56% em março. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice oficial de inflação atingiu 5,48%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta de preços foi puxada pelo grupo alimentação e bebidas, que acelerou de 0,70% em fevereiro para 1,17% em março, respondendo por cerca de 45% do IPCA de março, o maior impacto no índice. Contribuíram para esse resultado as altas do tomate (22,55%), do ovo (13,13%) e do café moído (8,14%).

Segundo Galípolo, a inflação no Brasil está bastante disseminada entre os grupos e não é algo pontual, o que gera incômodo entre todos os membros da diretoria colegiada do BC.

O alvo central perseguido pelo BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto). A autarquia prevê novo estouro da meta de inflação em junho, conforme o sistema de avaliação contínua que entrou em vigor neste ano.

Segundo o presidente do BC, a possibilidade do impacto tarifário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerar algum tipo de desaceleração na economia norte-americana e, consequentemente, na economia global ganhou força ao longo do primeiro trimestre.

“O que sinalizou uma ideia de dólar mais fraco e atividade econômica mais fraca nos Estados Unidos. Essa dinâmica foi ganhando predominância ao longo do primeiro trimestre”, disse.

De acordo com Galípolo, a interpretação atual sobre o ambiente internacional oscila entre um cenário de desaceleração em função da incerteza gerada pela política de Trump, que posterga consumo e investimentos, para um cenário de aversão a risco, no qual a escalada da guerra tarifária pode trazer um cenário de desaceleração mais abrupta e mais forte.

Para o chefe da autoridade monetária, o cenário é ainda mais complexo hoje porque o que é conhecido como o ativo mais seguro da economia “está sendo um pouco questionado”.

“Historicamente, quando se tem cenário de aversão de risco, o que se costuma fazer é correr para o dólar e para títulos soberanos norte-americanos, desta vez o epicentro da crise está vindo da economia norte-americana. É perceptível, entre os agentes econômicos, uma dúvida sobre para onde se deve procurar proteção num momento de aversão a risco”, disse.

Galípolo ressaltou que o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu a previsão de crescimento da maioria dos países depois de Trump deflagrar a guerra comercial. O órgão, que antes previa uma estimativa de crescimento global de 3,3% para 2025 e 2026, agora estima avanço de 2,8% neste ano e de 3% no próximo.

Aos senadores, Galípolo destacou que a economia brasileira tem mostrado “dinamismo excepcional” e “está bastante aquecida”. Ele disse ainda que o país está próximo do pleno emprego (taxa que não gera risco para a inflação brasileira).

A economia brasileira fechou 2024 com alta de 3,4% no acumulado do ano, mas perdeu ritmo no quarto trimestre, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados pelo IBGE. Em março, o BC reduziu de 2,1% para 1,9% a sua projeção de crescimento do PIB para este ano.

Na audiência pública, ele também reforçou que não é um debate novo o fato de o Brasil conviver com um patamar de juros comparativamente elevado com relação aos pares. Segundo o presidente do BC, para normalizar a política monetária é necessário uma série de reformas contínuas, muitas delas fora da alçada da própria instituição. “Não vamos ter uma bala de prata”, disse.

Em março, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, a 14,25% ao ano. Na ocasião, o colegiado do BC antecipou que a escalada de juros deve continuar na reunião do mês que vem, mas com um movimento de menor intensidade. O próximo encontro está previsto para os dias 6 e 7 de maio.

Segundo Galípolo, o país aprendeu a conviver com juros mais altos “criando vacinas” para proteger alguns setores específicos, criando exceções a exemplo do que ocorre no regime tributário. “Tem alguém que não tem vacina, que é o Tesouro Nacional”, disse.

NATHALIA GARCIA / Folhapress

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