BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os 14 detentos transferidos entre penitenciárias federais na quinta (14) e sexta-feira (15) saíram do presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, de onde dois presos escaparam em meados de fevereiro e, um mês depois, ainda não foram recapturados.
A realização da transferência foi divulgada neste sábado (16) pelo Ministério da Justiça, que atribuiu a ação ao rodízio periódico organizado pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais).
A nota do órgão não informava a origem dos detentos que foram trocados de unidade, mas interlocutores do governo confirmaram que a localização era a penitenciária de Mossoró.
“A Diretoria do Sistema Penitenciário Federal realizou, entre quinta (14) e sexta-feira (15), o rodízio periódico de 14 presos entre as cinco penitenciárias federais do país. O objetivo é garantir o enfraquecimento dos líderes do crime organizado”, afirmou a Justiça.
Segundo a pasta, o remanejamento de presos busca impedir articulações de organizações criminosas dentro dos estabelecimentos, bem como dificultar e enfraquecer possíveis vínculos nas regiões onde se encontram as penitenciárias.
“É importante salientar que a movimentação dos internos é parte da rotina das unidades e, por questões de segurança, a Senappen não informa a localização dos presos, nem detalhes dessas operações”, disse o órgão.
Na última quinta, a fuga de duas pessoas do presídio de Mossoró completou um mês, expondo as dificuldades enfrentadas pelo governo na recaptura dos detentos.
Nesse intervalo, os fugitivos mantiveram uma família como refém, foram avistados em comunidades diversas, se esconderam em uma propriedade rural e agrediram um homem na zona rural de Baraúna (RN).
Investigadores conseguiram mapear nesse período uma rede de apoio fora do presídio, que estaria sendo bancada pela facção criminosa Comando Vermelho. Os agentes não descartam a possibilidade de que os fugitivos continuem recebendo ajuda, até mesmo de moradores locais.
Segundo a Polícia Federal, sete pessoas já foram presas desde o início da operação nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, sendo que seis tiveram ligação com as fugas.
Investigadores apontam que os fugitivos foram vistos pela última vez quando invadiram um galpão na madrugada do dia 3 de março e agrediram um agricultor que estava dormindo no local. Mais de dez dias se passaram sem que houvesse indícios mais fortes do paradeiro.
Os policiais também reclamam de uma suposta demora na operação.
A Polícia Federal teria impedido que outras forças de segurança fizessem ações. Um outro ponto problemático apontado por investigadores é que um helicóptero acompanhou as viaturas que foram para a região, chamando a atenção e dando a oportunidade para que os bandidos pudessem fugir.
Pessoas que trabalham nas buscas também disseram que, durante esse período de buscas, houve muita vaidade entre as forças de segurança e havia uma disputa para ver qual força realizaria a captura dos fugitivos.
Além disso, nos primeiros dias houve dificuldade de comunicação entre as polícias tendo em vista que os rádios comunicadores não estavam na mesma frequência. Houve também o caso de um drone que conseguiu captar a movimentação de um ponto de calor e descarregou durante a operação.
IDIANA TOMAZELLI / Folhapress