SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O desaparecimento do helicóptero modelo Robinson R44 que decolou de São Paulo no dia 31 de dezembro com destino a Ilhabela, no litoral norte, completou dez dias nesta terça-feira (9), ainda sem pistas de sua possível localização. As buscas oficiais seguem em andamento.
A família do piloto Cassiano Tete Teodoro, em parceria com a empresa CBA Investimentos, operadora do helicóptero, mantêm desde o dia 1º de janeiro buscas paralelas, em solo, com mateiros contratados para fazer uma varredura em cidades na serra do Mar. No trabalho são usados drones, binóculos e outros equipamentos.
Mesmo com toda a união de forças, porém, ainda não há qualquer pista do paradeiro da aeronave e de sues ocupantes. Veja perguntas e respostas:
QUEM ESTAVA A BORD O DO HELICÓPTERO?
A aeronave era ocupada pelo piloto Cassiano Tete Teodoro, o empresário Raphael Torres, 41, a vendedora Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20.
O empresário, segundo sua irmã Herika Torres, 37, foi quem fretou o voo para passar a virada de ano na cidade litorânea e convidou as outras duas passageiras.
QUANDO A AERONAVE SUMIU?
A Polícia Militar afirma que recebeu um alerta sobre o desaparecimento da aeronave por volta das 22h40 do dia 31 de dezembro. O último contato do piloto com os responsáveis pelo tráfego aéreo teria ocorrido por volta das 15h10.
VOO OCORREU EM MEIO AO MAU TEMPO
O helicóptero enfrentou condições meteorológicas adversas durante o voo na região da serra do Mar. A passageira Letícia gravou um vídeo que registrava, por volta das 14h, forte neblina ao redor da aeronave. Ela enviou o registro para o namorado e escreveu: “Tá perigoso. Muita neblina. Eu estou voltando.”
Omau tempo também foi relatado pelo piloto. Em conversa por telefone com o dono de um heliponto, Cassiano disse que estava com dificuldade para cruzar a serra do Mar devido à falta de visibilidade.
Ainda durante o voo, o empresário que fretou o helicóptero fez contato com o filho e disse que talvez mudaria o destino da viagem. “Filho, eu vi que você leu a minha mensagem agora, acho que vou para Ubatuba. Ilhabela está ruim. Não consigo chegar”, disse.
O HELICÓPTERO FEZ UM POUSO DE EMERGÊNCIA?
Antes de perder contato, a aeronave fez um pouso em uma área de mata. Letícia relatou o pouco e também fez uma foto do local com o celular. O ponto em que a aeronave pousou foi localizado no último sábado (6) e fica às margens de uma represa em Paraibuna, no Vale do Paraíba.
Em entrevista nesta segunda (8) ao programa CBN São Paulo, o delegado Clemente Calvo Castilho Júnior, da Divisão de Operações Especiais do SAT (Serviço Aerotático) da Polícia Civil, afirmou que não é possível dizer que o pouso tenha sido emergencial.
Segundo ele, o piloto pode ter pousado na tentativa de esperar por uma condição meteorológica melhor.
A AERONAVE PODE TER CAÍDO NO MAR?
A Polícia Civil afirma que conseguiu monitorar o celular de Luciana e que o aparelho parou de emitir sinais às 22h14 do dia 1º de janeiro. Sinais dos telefones dos outros três não foram identificados.
Conforme o delegado Paulo Sérgio Pilz disse em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band, no sábado (6), o telefone ficou fora da água, caso contrário não teria transmitido sinal até o dia seguinte ao desaparecimento. As autoridades, portanto, não trabalham com a hipótese de que a aeronave tenha caído no mar.
COMO SÃO FEITAS AS BUSCAS?
As buscas oficiais, que começaram no dia 1º de janeiro e completaram nove dias nesta terça-feira, são lideradas pela FAB (Força Aérea Brasileira) e atualmente contam com a participação da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Exército. A área percorrida com sobrevoos tem 5.000 km².
QUAIS EQUIPAMENTOS SÃO USADOS?
De acordo com o Comando de Aviação da PM, o Águia 12 dispõe de um equipamento chamado FLIR, com uma câmera infravermelha de grande alcance de zoom. Já o Águia 33, com capacidade de voo por instrumentos e piloto automático, permite mais atenção dos ocupantes na observação.
Outros helicópteros estão participando das buscas nesta semana. Um deles, modelo Pantera K2, do Exército, tem seis pessoas na tripulação e óculos de visão noturna à disposição.
O avião SC-105 Amazonas, da FAB, leva 15 tripulantes e tem um radar capaz de realizar buscas na terra ou no mar, com alcance de até 360 km, além de um sistema eletro-óptico por imagem e por espectro infravermelho que permite realizar buscas por calor.
POR QUE AS EQUIPES OFICIAIS NÃO FAZEM INCURSÕES POR TERRA?
Como a área da busca é muito extensa, as autoridades não veem sentido em abrir uma frente por terra sem que haja algum indicativo da possível localização das vítimas ou do helicóptero.
O Corpo de Bombeiros afirma que tem equipes prontas para fazer uma incursão terrestre para auxiliar nas buscas desde que existam coordenadas específicas.
POR QUE A DEMORA EM TER INFORMAÇÕES CONCRETAS?
A região onde estão concentradas as buscas é de mata fechada e densa, o que dificulta a observação. Além disso, o clima da região, com constante presença de nebulosidade e chuva, tem atrapalhado voos baixos de pequenas aeronaves, de acordo com a Defesa Civil.
O QUE FALTA ESCLARECER?
Algumas questões ainda não respondidas:
Por que após o pouso em Paraibuna o piloto não permaneceu no local, em solo, e pediu ajuda aos responsáveis pelo tráfego?
Em qual cidade ou ponto a aeronave estava quando perdeu o contato?
O piloto realmente desistiu de seguir viagem para Ilhabela e alterou a rota para Ubatuba?
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress