Dia do Frango: milho, aval religioso e preço de carne bovina alavancam produção

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A produção e a exportação de carne de frango vêm crescendo no país. O segmento é impulsionado pela forte produção brasileira de milho e soja, usados na alimentação das aves, e pelo seu custo mais baixo nos açougues e aviários, frente a uma carne bovina cujo preço ficou mais caro durante a pandemia.

O setor comemora nesta sexta-feira (10) o Dia Mundial do Frango.

Segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), as exportações de carne de frango tiveram, em abril, o segundo melhor resultado da série histórica. Foram 480,7 mil toneladas do produto enviadas para fora, um crescimento de 10,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em receita, foram US$ 882,2 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões, no câmbio atual) resultantes dos embarques arrecadados pelo setor somente no mês de abril.

Nos últimos quatro anos, o segmento disparou no volume exportado, passando de 4,2 milhões de toneladas em 2020 para 5,1 milhões de toneladas em 2023 –o valor era de 3,9 milhões em 2013.

Já a produção foi de 13,8 milhões de toneladas para 14,8 milhões de toneladas, na mesma base de comparação.

Segundo Luis Rua, diretor de Mercados da ABPA, um dos fatores que impulsionam a venda da carne de frango é a grande produção de milho e farelo de soja no país. Os grãos são usados na alimentação dos animais.

Ele também cita a segurança da carne brasileira frente a ameaças como a gripe aviária e o preço da carne bovina, que subiu durante a pandemia e deu espaço ao frango.

Além disso, Rua afirma que as resistências religiosas a outras carnes, como a de porco e a de boi, alavancam o frango em culturas mais restritivas.

“A carne de porco não pode ser consumida pelos muçulmanos. A carne bovina não pode ser consumida na Índia. Mas a carne de frango é universal, está presente na mesa de todos os lugares”, afirma Rua.

Ele diz que uma pesquisa feita pela entidade mostrou que cerca de 96% dos brasileiros consomem frango –patamar que cai para 80% no caso das carnes de porco e de boi.

Ainda segundo a associação, cada habitante no país consome cerca de 45,1 quilos de carne de frango. Em 2013, a quantidade era de 41,8 quilos por pessoa.

O segmento foi um dos atingidos pelas enchentes do Rio Grande do Sul, que é o terceiro maior produtor e exportador de frango, de acordo com a ABPA. O estado participa com 11,4% da produção nacional e 14,8% das exportações.

Conforme monitoramento realizado por ABPA, Asgav (Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul) e SIPS (Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul), nesta quinta-feira (9), duas unidades frigoríficas estavam paralisadas no estado.

No período mais crítico, eram dez unidades paradas ou com operações fortemente prejudicadas.

José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav, afirma que ainda não é possível mensurar o estrago. “Não deve afetar preço neste momento porque não vamos deixar de produzir. Nós vamos desacelerar um pouco a logística de entrega por causa da situação das estradas”, diz.

PAULO RICARDO MARTINS / Folhapress

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