‘Diário de um Banana’ na Bienal tem crianças indo à loucura e gritos de ‘Jeffão’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Jeffão”, “Jeffão”, “Jeffão”, gritavam as crianças da comunidade do Jardim Panorama enquanto balançavam os livros no ar. O apelido abrasileirado era do autor e ilustrador da série “Diário de um Banana”, Jeff Kinney.

O escritor foi a maior atração deste último sábado (14) da Bienal do Livro de São Paulo, mas ali acontecia um encontro com meninos e meninas de um projeto social, paralelo ao cronograma oficial.

As crianças questionaram o autor sobre a história dos livros e ele autografou exemplares, deixando sempre um desenho no pé das páginas. Ao fundo, uma pessoa vestida de Greg, o protagonista da série, brincava com as crianças.

O evento foi uma colaboração entre a VR Editora, que publica a coleção, e um programa da escola de elite Avenues, em parceria com o coletivo de mulheres do Jardim Panorama.

A afobação dos fãs mostra o porquê de “O Diário de um Banana” ser um fenômeno no Brasil. O primeiro livro da série foi publicado no país em 2008 e já soma mais de 14 milhões de cópias vendidas. O último, “Diário de um Banana: Cabeça-Oca”, foi lançado no ano passado e já atingiu a marca de 100 mil exemplares.

A série narra a vida de Greg Heffley, um pré-adolescente no ensino fundamental que tenta se tornar popular. De forma humorada, o personagem registra situações de sua vida –muitas vezes constrangedoras– na esperança de que um dia se torne famoso e as pessoas se interessem pela sua trajetória.

Durante a manhã de sábado, Jeff também participou de uma mesa oficial da Bienal. Recebido calorosamente pelos fãs mirins, o autor valorizou o papel de bibliotecários e da literatura diante cenários adversos de censura, brincou de “jogo da memória” com fatos da série e defendeu que não existe a possibilidade de criar histórias com o Greg adulto, algo muito pedido pelos leitores.

“Os desenhos são um lugar seguro, eles não mudam. Você não quer que eles fiquem velhos. O mundo muda muito, mas é bom saber que algo pode ficar constante. O Greg fica do jeito que ele é”, disse.

A história de Greg perpassa gerações desde a primeira publicação em 2007 nos Estados Unidos. A estudante Laura Barros, de 9 anos, é a prova viva disso. Sem saber ler, ela ouvia a irmã mais velha lhe contar a história. Hoje, já alfabetizada, é fã de carteirinha do autor.

“Agora, eu continuo lendo sozinha. Quero ver o Jeff porque gosto muito da história”, diz Laura. Incentivada pelos pais, a garota começou o próprio diário, em que registra eventuais episódios do dia a dia, assim como o personagem Greg faz no livro.

Jeff não sabe ao que atribuir o sucesso dos livros ao longo dos anos. “Eu escrevi essas histórias sobre as minhas experiências pessoais, mas vejo viajando pelo mundo que todos temos situações semelhantes”, afirma.

A identificação com a história de Greg é o que chama atenção do filho da bancária Carla Sandy, 43 anos. À Folha, ela conta que Diogo, de 10 anos, devorou nove livros em cinco dias.

“A leitura para criança é muito importante. O meu filho sempre leu muito e se identifica muito com a história do ‘Diário de um Banana’, é como se ele vivesse o personagem”, conta.

NATÁLIA SANTOS / Folhapress

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