RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O técnico Fernando Diniz rejeitou qualquer dilema ético ao assumir a seleção brasileira enquanto se mantiver como treinador do Fluminense. Para Diniz, “nesse ponto de ética, a CBF apontou para a pessoa certa”.
“A ética me fez suportar o sofrimento como jogador e ser o treinador que me tornei. Não fiz estágio, passei de jogador para treinador. É algo tranquilo para mim, uma chance de mostrar que o futebol não está acima da ética e vida, é um espaço de convivência para colocar a nossa vida. É complexo? Sim. Terei que fazer convocação e tomar decisões, o senso de justiça irá me pautar como sempre. E vão avaliar, não estou aqui para pedir para que pensem de um jeito ou não. Estou tranquilo e, nesse ponto de ética, a CBF apontou para a pessoa certa”, disse Fernando Diniz.
Como resolver isso em termos práticos? “É um tema que tenho a tarde toda para falar, de ética mesmo. É uma questão prática recheada de subjetividade. Meu critério será baseado na ética. O fato concreto tem que acontecer. Antecipamos a chance de acontecer, mas vou convocar o melhor para a CBF, olhando o cenário como um todo. Você sabe que sempre há questionamento na convocação, mas não em falta de ética. Farei o melhor do que tenho de conhecimento, justiça e ética, algo que preservo muito”.
PRESIDENTE DA CBF TAMBÉM REBATE QUEM QUESTIONA ÉTICA
Antes de Diniz falar, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, fez um pronunciamento no qual também criticou quem aponta um dilema ético ao Diniz se manter no Fluminense enquanto técnico da seleção.
“Isso é de quem não se respeita e quer desrespeitar outros. O mundo mudou, as ações e atitudes também. Não compactuamos com isso. Quando as pessoas falem e não medem o outro lado, não honram o nome, por ser posse ou abastada. Não é isso. Mas tem que ser abastado de dignidade e caráter. Isso não acontecerá. Não é por eu estar gerenciando o assunto, não acontecerá porque aqui tem treinador de respeito, dignidade e ética. Portanto, é o que eu coloco para quem faz conjecturas que por vezes são desrespeitosas. Coloca para o outro o que talvez ocorra com si. É momento de apoio. Para quem discorda, é a seleção brasileira. Temos que torcer sempre, procurar sempre o melhor a atingir, independentemente de quem esteja comandando. É treinador do Fluminense, mas foi de outros clubes grandes. Pessoa de caráter, dignidade, e que jamais faria conjectura desse jeito”, afirmou Ednaldo.
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OUTRAS RESPOSTAS DE DINIZ
Autonomia
“Eu não conheço o Ancelotti. Mas a condição para meu trabalho é autonomia e liberdade, e uma das coisas é convocação. Não vai haver interferência nenhuma, o presidente foi claro. Liberdade para executar meu trabalho. Converso com muita gente para me ajudar, temos nosso estafe da CBF, quem eu trago comigo e quem podemos convocar. É um assunto muito fresco para não acelerarmos e podermos cometer, apressados, algum equívoco”.
Copa América e processo de um ano/Ancelotti
“Em princípio, o contrato é de um ano e vou procurar fazer o melhor possível. Não decidimos se inclui a Copa América. Sei o planejamento da CBF, mas não vou falar o que vai ocorrer depois de mim com o Ancelotti ou não, vocês terão que apurar de outra forma. Meu rendimento é preparar bem o time para termos o melhor rendimento daqui para frente”.
O que pensou ao deitar ontem e acordar hoje
“Muita alegria, com possibilidade de contribuir para o crescimento do futebol brasileiro. Vou me empenhar ao máximo, o futebol para mim é a vida em movimento. Vou fazer o melhor para levar alegrias ao torcedor brasileiro e ao mundo do futebol como um todo”.
Preocupação com o torcedor do Fluminense e possibilidade de ser 100% seleção
“Essa questão de ser exclusivo da CBF não foi nunca mencionado. Para falar a verdade, nesse momento de competições com o Fluminense eu nunca sairia, apesar do sonho. Teria que adiar. Fizemos isso em seis mãos, CBF, Mário e eu. Ponderamos muitas coisas e sou muito grato ao Fluminense, ao torcedor, que tenho conexão especial desde 2019. Creio que a maioria vai entender e me sinto à vontade para desempenhar o trabalho. Não será fácil, mas muita gente pensou nisso e creio que a decisão será um grande acerto”.
IGOR SIQUEIRA E RODRIGO MATTOS / Folhapress