BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quinta (27) que o suposto espião russo Serguei Vladimirovich Tcherkasov permanecerá preso no Brasil. A declaração foi dada após a realização de parecer técnico acerca de dois pedidos de extradição.
“Esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em tratados e na lei 13.445/2017. No momento, o citado cidadão permanecerá preso no Brasil”, publicou o ministro em redes sociais.
O DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), do Ministério da Justiça, recebeu dois pedidos de extradição: o primeiro da Rússia e o outro dos Estados Unidos. O STF (Supremo Tribunal Federal) deferiu a solicitação de Moscou em abril, mas o DRCI não autorizou a ida para o país natal de Tcherkasov porque ainda há uma investigação em curso no Brasil relacionada a ele.
Já o pedido dos EUA, cujo Departamento de Justiça o acusa de atuar como agente estrangeiro em território americano, foi negado porque já havia um pedido de extradição homologado pelo STF. De acordo com a pasta do governo de Joe Biden, no período em que Tcherkasov estava registrado como estudante em Washington, ele recolheu informações sobre cidadãos americanos e as repassou a superiores.
Em março, os EUA tornaram pública uma acusação por fraude bancária e imigratória contra o russo que, passando-se por cidadão brasileiro, estudou em uma universidade americana, a renomada Johns Hopkins, e se candidatou a uma vaga no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, de onde foi deportado.
Tcherkasov, 39, foi detido em abril de 2022 por autoridades holandesas sob a acusação de uso de documentos falsos. Para entrar no país europeu, ele apresentou papéis brasileiros, em nome de Victor Muller Ferreira, na tentativa de trabalhar no TPI na vaga de analista júnior.
A polícia holandesa indicou então que ele não era um cidadão brasileiro, mas um agente do Departamento de Inteligência das Forças Armadas da Rússia. Assim, Tcherkasov foi considerado um espião disfarçado no exterior utilizando identidade completamente nova e, portanto, um imigrante em condição irregular.
Após ser deportado ao Brasil, ele foi denunciado por falsidade ideológica pelo Ministério Público Federal, e, em julho de 2022, a 5ª Vara da Justiça Federal de Guarulhos o condenou a 15 anos de prisão.
No entanto, Moscou requisitou formalmente ao governo brasileiro, em setembro do ano passado, a extradição de Tcherkasov para a Rússia, onde supostamente ele era procurado por tráfico de drogas.
RAQUEL LOPES / Folhapress