BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Dirigentes e parlamentares de direita viram na vitória de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos o fortalecimento do bolsonarismo no Brasil para 2026.
O republicano liderou os estados-pêndulo e não apenas foi eleito com maioria nos colégios eleitorais, como também no voto popular.
Ainda na madrugada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou mensagem parabenizando Trump. Horas depois, divulgou um longo texto em rede social, no qual disse: “Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho”.
“Talvez em breve Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós”, disse ainda o ex-presidente, que está inelegível.
Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, aliados de Bolsonaro avaliam que a vitória do republicano elevará a pressão sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter a inelegibilidade do ex-presidente.
Esse cenário, no entanto, dependeria de uma série de decisões e articulações hoje improváveis.
O tom de esperança perpassou ainda outros aliados de Bolsonaro e dirigentes de partido de direita.
O senador, presidente do PP Ciro Nogueira e ministro na gestão do ex-presidente disse que os americanos votaram em Trump porque não houve melhora na vida deles, e que a resposta dos brasileiros virá em 2026.
O senador e secretário-geral do PL Rogério Marinho foi mais contundente, ao dizer que a eleição americana pode repercutir na inelegibilidade do ex-presidente, sem maiores detalhes.
“A eleição do Trump fortalece a luta pela liberdade e de valores conservadores de direita, acredito que o bom senso e a justiça irão prevalecer e Bolsonaro poderá disputar as eleições em 2026”, disse.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por sua vez, disse que Bolsonaro vai aumentar sua base de apoiadores.
Reservadamente, aliados mais pragmáticos do ex-presidente admitem ver com dificuldade uma mudança nas condenações de Bolsonaro no âmbito jurídico, mesmo com a eleição de Trump.
A avaliação é de que, no Legislativo, ganha força o movimento de direita bolsonarista como um todo, e que isso pode ajudar Bolsonaro a reverter a inelegibilidade com o apoio dos parlamentares.
Um dos nomes cotados para eventual sucessão de Bolsonaro na direita em 2026,o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compartilhou a foto do ataque contra Donald Trump durante a campanha.
“Trump eleito! Começamos o dia celebrando a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade. Olhamos para os Estados Unidos com esperança ao ver o movimento conservador superar um dos seus obstáculos mais desafiadores”, disse.
Nas redes sociais, bolsonaristas também exploraram a declaração de apoio do presidente Lula (PT) a Kamala Harris na última sexta-feira (1º), sobretudo a menção que ele fez à existência de um nazismo com “outra face” no mundo, ao criticar Trump.
Nesta quarta-feira (6), o petista parabenizou Trump pela vitória e lhe desejou boa sorte.
“Desejando sorte a governo nazista?”, disse Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O parlamentar viajou para os Estados Unidos nos últimos dias para acompanhar as eleições e esteve no clube em que Trump acompanhou a apuração das urnas.
MARIANNA HOLANDA E CATIA SEABRA / Folhapress