SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Alvo de críticas pela resposta ao incêndio mais letal do Havaí, o diretor da Agência de Gestão de Emergências da ilha de Maui, Herman Andaya, renunciou nesta quinta-feira (17) alegando motivos de saúde. Ao menos 111 pessoas morreram devido às chamas, e as buscas por desaparecidos continuam.
A demissão, com “efeito imediato”, foi anunciada em nota divulgada pela administração de Maui, a região mais devastada pelo fogo. Os problemas de saúde apontados no texto não foram detalhados.
Andaya disse na última quarta (16) que não se arrependia de não ter acionado a ampla rede de sirenes do Havaí enquanto as chamas se propagavam na região de Lahaina, onde moram aproximadamente 12 mil pessoas. Ele alegou que os equipamentos são reservados para alertas de tsunamis, e que os moradores são orientados a buscar áreas mais altas quando o mecanismo é acionado. Assim, usá-los durante o incêndio poderia ter levado a população a se deslocar em direção ao perigo, disse.
A decisão provocou revolta entre os sobreviventes, que apontam lentidão e dizem que vidas poderiam ter sido salvas. O Havaí tem o maior sistema de sirenes de alerta de segurança pública ao ar livre do mundo, mas nenhum dos 80 equipamentos instalados ao redor de Maui foi ativado enquanto o fogo se alastrava.
O incêndio começou na terça (8) e tomou Maui rapidamente devido a fortes ventos. Na semana passada, o chefe dos bombeiros Bradford Ventura disse que a agência de resposta a emergências não teve tempo suficiente para alertar os funcionários e enviar ordens para a retirada das pessoas.
Assim, testemunhas relatam que tiveram pouco tempo para reagir. A ilha de Maui sofreu várias interrupções de energia durante a crise, impedindo que muitos moradores recebessem alertas nos celulares. Surpreendidas, algumas pessoas tiveram que se jogar no mar para escapar das chamas.
Dos 111 corpos encontrados, poucos puderam ser identificados, segundo as autoridades. Várias pessoas continuam desaparecidas. Após a renuncia de Andaya, o prefeito de Maui, Richard Bisse, prometeu medidas ágeis. “Dada a gravidade da crise, minha equipe e eu vamos nomear alguém para esta posição chave o mais rápido possível”, disse.
O incêndio já é considerado o mais letal dos EUA em um século. As autoridades confirmaram no sábado (12) que o número de vítimas ultrapassou as 85 provocadas por uma tragédia semelhante na cidade de Paradise, na Califórnia, em 2018.
O desastre ocorre no Havaí depois de a América do Norte sofrer os impactos de vários fenômenos climáticos extremos nos últimos meses, de incêndios recorde no Canadá a uma extensa onda de calor que castigou o sudeste dos Estados Unidos e o México. A Europa e algumas regiões da Ásia também sofreram com ondas de calor, inundações e incêndios alimentados pela crise climática, segundo especialistas.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.
Redação / Folhapress