SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A matriz energética e a reserva internacional do Brasil são vantagens competitivas que podem garantir o protagonismo do país na nova era da economia global. A avaliação é de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central e ex-secretário do Ministério da Fazenda do governo Lula.
Em evento do banco Safra nesta terça-feira (26), o economista disse que o Brasil está bem posicionado em relação aos pares emergentes, especialmente Índia e México, para receber investimentos internacionais por ter uma fonte de energia mais limpa (hidrelétrica, eólica e solar) e uma das maiores reservas internacionais de moedas estrangeiras do mundo em maior parte o dólar americano, totalizando US$ 325 bilhões ao fim de 2022. “Esse talvez seja o ponto de proteção mais relevante para o Brasil quando comparado com os nossos pares, pois mostra a solvência da economia brasileira”, disse Galípolo.
Com relação à geração de energia, ele chamou atenção para o programa de transição ecológica nos Estados Unidos estar relacionado a uma redução na inflação. “Nós teríamos um custo menor para fazer essa transição para outros países, que investiriam e produziriam aqui de maneira mais verde.”
IPCA-15
Ao comentar a decisão do Copom de reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual na semana passada, para 12,75% ao ano, Galípolo mencionou que o crescimento econômico e a inflação brasileiros têm vindo melhores do que o esperado.
“Hoje, inclusive, o IPCA-15 também surpreendeu positivamente. Vemos uma desinflação em alimentos, e bens industriais com um bom comportamento.”
Nesta terça, o IBGE divulgou que o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) acelerou para 0,35% em setembro, puxado pela alta no preço dos transportes, fruto da inflação de 5,18% da gasolina neste mês.
Para o economista, apesar de a inflação de serviços ter chamado a atenção, o comportamento dos itens subjacentes (que desconsideram choques temporários) é positivo.
“Tivemos um pouquinho agora de surpresa nesse IPCA-15 , mas em alguns indicadores que costumam ser mais voláteis mesmo”, afirmou o diretor do BC, em alusão ao preço dos combustíveis.
“Já era esperado [o aumento no item transportes], pela questão da base estatística de você sair do período daquelas renúncias [fiscais] que foram feitas ao longo da eleição, com redução de tributação de combustíveis, e pela Petrobras antecipar, em relação àquilo que o mercado esperava, o reajuste, de preços.”
Em agosto, a estatal aumentou os preços dos combustíveis para as distribuidoras. A gasolina subiu R$ 0,41, para R$ 2,93, e o diesel, R$ 0,78, para R$ 3,80.
JÚLIA MOURA / Folhapress