Diretor do COB admite que falta do ‘canhão de audiência’ da TV aberta prejudicou Pan

ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – Finalizado neste domingo (5) com o melhor resultado de medalhas da história do esporte brasileiro, os Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, não tiveram a repercussão à altura deste feito pela falta de transmissão na TV aberta. Sem interesse das TVs em comprar os direitos do evento, os eventos ficaram restritos a transmissões na Cazé TV e no Canal Olímpico do Brasil.

Diretor de Comunicação, Cultura e Valores Olímpicos do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Roberto Conde admite a falta da televisão aberta, especialmente da Globo, prejudicou a repercussão. “Para a gente, seria bom estar na TV aberta e na fechada. É uma pergunta que não quer calar e a gente espera que seja respondida na edição de 2027. Não estar presente no grande canhão da TV aberta é um problema”, analisa.

Ele ressaltou que o impacto é grande desde o Pan do Rio, em 2007, quando a Globo deixou de transmitir a competição. “Quando você perde a maior emissora do país é um problema gigantesco”, completa. As edições de 2011, 2015 e 2019 passaram na Record, que repetiria a dose em 2023. Mas a TV de Edir Macedo rompeu o contrato de US$ 10 milhões (R$ 49,7 milhões na cotação atual) que pagava.

Conde confirmou que houve conversas com a Globo, mas a emissora encerrou negociações por uma questão financeira. O executivo também revelou uma conversa com a Band como opção, com participação de Paulo Teixeira, presidente do COB, nas tentativas.

“No ano passado, eu mesmo estive em reuniões com presidente da Panam Sports, detentora da propriedade. Fui à Globo e fui à Band pessoalmente. O presidente do COB esteve na Globo também. Não avançou, infelizmente. E no fim do primeiro semestre, a Panam disse que faria no streaming, e perguntou se não gostaríamos de fazer”, revela.

“A missão foi não deixar o Pan 2023 descoberto. A dona do Pan soube o que fizemos nas transmissões de eventos nacionais no Canal Olímpico do Brasil e perguntou se a gente gostaria de fazer, e quando não teve acordo, fizemos”, completou.

Os resultados da transmissão do Canal Olímpico do Brasil e da Cazé TV foram considerados satisfatórios. Eventos como a final do volêi feminino entre Brasil e República Dominicana, somados os dois canais, chegaram a ter 300 mil espectadores simultâneos. “Não é o canhão da TV aberta, mas é um bom número, ainda mais considerando que a nossa base de inscritos é de 225 mil”, completa.

Para 2024, ano de Jogos Olímpicos, o COB conversa com a Globo para fomentar a cobertura do evento, que está garantido em TV aberta. “Nós já temos conversas com a Globo para trabalhos juntos, estamos em fase de discussão”, afirma. Uma equipe grande será enviada para dar apoio logístico para jornalistas e atletas na Olimpíada.

“De Canal Olímpico, nós vamos ter a Casa Brasil em Paris, que terá 5 mil metros quadrados, que ficará dentro de um parque. Dentro dela, teremos um estúdio e um programa diário. Queremos receber medalhistas, grandes atletas do passado, influencers. Teremos também uma casa em uma cidade da grande Paris com apoio para atletas, produção de conteúdo hard news, que fica só a 600 metros da vila olímpica”, conclui Conde.

GABRIEL VAQUER / Folhapress

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