BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Diretora de eventos da OAB Barra da Tijuca, Eugênia Jizetti compartilhou em um grupo de WhatsApp um vídeo com a frase advocacia de verdade “sem ciganos, sem forasteiros, sem traidores”.
A disputa pelo comando da subseção do bairro no Rio de Janeiro tem a filha de uma cigana como candidata a vice-presidente.
Jizetti é candidata a conselheira na chapa OAB Unida e Renovada Barra da Tijuca, que tem como nome à presidência a advogada Renata Mansur.
Ela disputa o posto com Kaiser Motta, cuja vice é Lhuba Fernanda Stanescon Batuli Mouchalouat, filha de Mirian Stanescon Batuli, primeira cigana a se formar em Direito no Brasil.
O vídeo foi compartilhado por Jizetti na última terça-feira (12) em um grupo com cerca de 200 advogados da Barra da Tijuca. A gravação mostra apoiadores de Mansur em eventos de campanha da chapa.
Nos últimos segundos, uma tela traz a seguinte frase: “Advocacia de verdade, sem fake news, sem ciganos, sem forasteiros, sem traidores!!! Sigamos firmes que a vitória da Chapa 11 é logo ali no dia 25/11!! Vamos dar a resposta nas urnas, elegendo a Renata com mais de 80% dos votos!!!!!”
À reportagem, Lhuba afirma ter ficado estarrecida com o vídeo. “É público e notório que eu sou da etnia cigana. Por ser a primeira filha, tradicionalmente eu carrego o legado da liderança no movimento”, diz.
A advogada afirma que a situação mexeu com seu lado emocional. “Eu venho de uma família que veio refugiada e passou por atrocidades. Minha mãe passou por muito preconceito na escola. Revivi todas essas histórias que ela me contava”, diz ela, que fez registro de ocorrência contra Jizetti por preconceito.
Ela afirma que Mansur entrou em contato para prestar solidariedade. Em uma rede social, a candidata à presidência postou uma nota de repúdio “a toda e qualquer forma de intolerância e preconceito”.
Em nota, a OAB Barra diz ter instaurado processo administrativo. “A Instituição repudia qualquer manifestação de intolerância, preconceito e discriminação, reafirmando seu compromisso em promover a justiça e o respeito aos direitos humanos, lutando por uma sociedade que valorize, respeite e proteja a diversidade cultural, sexual e racial.”
Jizetti nega ter sido autora do conteúdo e disse ter encaminhado “por descuido a mensagem, sem qualquer intenção de incitar ódio, preconceito ou discriminação, de qualquer tipo.”
“O descuido ocorreu diante da multiplicidade de mensagens recebidas em momento de alegria e euforia pelo grande sucesso dos eventos realizados naquele dia”, diz, em nota. “Lamento profundamente o ocorrido, reafirmando meu respeito a todos, independentemente de suas origens, crenças ou identidades.”
DANIELLE BRANT / Folhapress
