SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao anunciar o aguardado pacote de corte de gastos, o ministro Fernando Haddad (Fazenda), em seu pronunciamento, usou as palavras “eficiente” e “fiscal”, mencionadas três vezes cada, e não falou em “corte”, preferindo utilizar o termo “economia”.
“Essas medidas vão gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e consolidam o compromisso deste governo com a sustentabilidade fiscal do país”, afirmou o chefe da Fazenda, durante a promessa de “um Brasil mais justo e eficiente”.
Além disso, ao mencionar um corte no abono salarial, o ministro afirmou que programa “será assegurado a quem ganha até R$ 2.640”. A medida, na prática, é um corte no abono, já que o teto do programa, que paga um salário adicional às pessoas de baixa remuneração, cairá dos atuais dois salários mínimos (R$ 2.824) e terá reajuste pela inflação até se desvalorizar a um salário mínimo e meio (o futuro valor de referência).
Haddad também não detalhou as novas regras do salário mínimo, termo que foi repetido quatro vezes. Disse apenas que o valor continuará subindo acima da inflação, “de forma sustentável e dentro da nova regra fiscal”. Segundo apurou a Folha, o governo quer limitar o reajuste do indicador aos limites de expansão de despesas indicados no arcabouço fiscal (entre 0,6% e 2,5%, contra a alta de 2,9% atualmente esperada).
A palavra que mais apareceu no discurso foi “renda”, tanto para anunciar o cumprimento da promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de aumentar a faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) para R$ 5.000, quanto para tratar de redistribuição para enfrentar as desigualdades (termo que aparece duas vezes).
O ministro recorreu à palavra imposto cinco vezes. A intenção, contudo, foi de anunciar a redução da carga tributária.
“É o Brasil justo, com menos imposto e mais dinheiro no bolso para investir no seu pequeno negócio”, afirmou.
Haddad também deu ênfase à palavra “compromisso”, repetida quatro vezes. O ministro tentou sinalizar um equilíbrio entre o comprometimento do governo Lula com o mercado e com as famílias, em alinhamento com as promessas de campanha.
“Honrando os compromissos assumidos pelo presidente Lula, com a aprovação da reforma da renda, uma parte importante da classe média, que ganha até R$ 5 mil por mês, não pagará mais Imposto de Renda.”
Os atores do mercado financeiro, no entanto, receberam com maus olhos o impacto fiscal da elevação da faixa de isenção do IRPF. O dólar fechou esta quarta-feira em disparada de 1,81%, cotado a R$ 5,913, o maior valor nominal da história.
O recorde anterior era de R$ 5,905, atingido em 13 de maio de 2020, no estouro da pandemia de Covid-19. A máxima nominal histórica desconsidera a inflação do cálculo.
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Veja palavras mais usadas por Haddad
Análise excluiu conectivos e artigos
Palavra – Frequência
renda – 8
Brasil – 7
governo – 6
imposto – 5
justo – 4
presidente – 4
Lula – 4
garantir – 4
famílias – 4
salário – 4
mínimo – 4
ganha – 4
economia – 3
compromisso – 3
eficiente – 3
avanços – 3
anterior – 3
privilégios – 3
tributária – 3
medidas – 3
regras – 3
inflação – 3
fiscal – 3
vamos – 3
país – 3
reforma – 3
Fontes: Transcrição do pronunciamento fornecida pelo Governo Federal
PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress