BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A dívida bruta do Brasil voltou a subir em abril e atingiu 76,2% do PIB (Produto Interno Bruto) saldo de R$ 9,2 trilhões. Em relação ao mês anterior, houve uma alta de 0,3 ponto percentual, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (30).
A variação mensal foi influenciada principalmente pela pressão de 0,7 ponto de alta gerada pelos gastos com juros da dívida. Na compensação pelo outro lado, o efeito contábil do crescimento do PIB retirou 0,4 ponto percentual e o efeito da valorização cambial contribuiu com recuo de 0,1 ponto percentual.
A dívida bruta que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais, é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas do país.
A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável. A trajetória da dívida bruta é hoje um dos focos de preocupação do mercado financeiro.
Cerca de 50% dos títulos emitidos pelo governo são remunerados pela taxa básica de juros, que segue em alta. Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), a Selic atingiu 14,75% ao ano maior nível registrado em quase duas décadas.
A elevação dos juros gera automaticamente uma pressão adicional sobre o endividamento da União. Cada um ponto percentual de aumento da Selic, mantida por 12 meses, eleva a dívida bruta em R$ 50 bilhões (0,41 ponto percentual do PIB), segundo o Banco Central.
Pela metodologia do FMI (Fundo Monetário Internacional), que passou a ser incorporada pelo BC na divulgação de suas estatísticas, a dívida bruta do Brasil atingiu 88,5% do PIB em abril, ante 88,3% no mês anterior.
Neste conceito, toda a dívida mobiliária do Tesouro Nacional na carteira do Banco Central é considerada no cálculo. A autoridade monetária, por sua vez, desconsidera isso em sua metodologia e inclui as operações compromissadas.
A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, subiu 0,1 ponto percentual no mês e chegou a 61,7% do PIB em abril saldo de R$ 7,4 trilhões.
Ainda segundo dados do BC, o setor público consolidado brasileiro registrou superávit primário de R$ 14,1 bilhões em abril, ante resultado superavitário de R$ 6,7 bilhões no mesmo mês do ano passado.
O montante engloba os resultados de governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social), governos estaduais e municipais e de empresas estatais.
O saldo positivo das contas públicas em abril foi puxado pelo superávit de R$ 16,2 bilhões do governo central. As empresas estatais, por sua vez, tiveram déficit de R$ 1,4 bilhão, enquanto os estados e municípios foram deficitários em R$ 659 milhões. No mês passado, a despesa com juros foi de R$ 78,3 bilhões.
Em 12 meses, o setor público consolidado acumula déficit de R$ 6 bilhões (0,05% do PIB).
NATHALIA GARCIA / Folhapress
