SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O apresentador Silvio Santos já estava internado no Hospital Albert Einstein quando, no último dia 15, a Prefeitura de São Paulo recebeu um cheque de R$ 65 milhões. O dinheiro, entregue pela universidade Uninove como resultado de um acordo judicial, será destinado à compra de um terreno no bairro da Bela Vista, na região central. O local abrigará o futuro Parque do Rio Bixiga.
O polêmico lote de 11 mil metros quadrados foi objeto de disputa por mais de quatro décadas entre o vizinho Teatro Oficina e a empresa do apresentador de TV, que pretendia construir no local três prédios de uso comercial e residencial.
Próximo ao futuro parque fica o Teatro Imprensa, na rua Jaceguai, também na Bela Vista. Com capacidade para pouco mais de 500 pessoas, o local era administrado pela artista plástica Cintia Abravanel, filha mais velha do apresentador, até 2011, quando foi fechado.
Em nota enviada ao Painel em abril passado, o presidente do grupo, José Roberto Maciel, disse que o prédio do teatro abriga a sede da Liderança Capitalização, uma das empresas do apresentador.
O investimento imobiliário era um dos braços dos negócios do Grupo Silvio Santos. Estima-se que a família tenha cerca de 90 imóveis em São Paulo e em outros estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pará.
Na década de 1990 surgiu a Sisan Investimentos Imobiliários. Em seu site, a empresa afirma que inicialmente deveria administrar os imóveis do Grupo SS, mas depois diversificou para o mercado externo. Lista, entre outros, obras como o complexo Jequitimar, no Guarujá, no litoral paulista, com hotéis, shopping center e condomínio de casas.
Recentemente, finalmente foi alugado o edifício Engenheiro Oscar Americano, no coração da avenida Paulista –cruzamento com a rua Haddock Lobo. Construído no fim da década de 1960, o prédio de 19 pavimentos e cerca de 7.000 metros quadrados foi incorporado ao patrimônio de Silvio Santos para ser sede do Banco Panamericano.
O banco acabou vendido em 2011 –a instituição enfrentou intervenção do Banco Central após a descoberta de um esquema de fraudes contábeis–, mas o prédio, não. O local ficou fechado por pouco mais de dez anos, até que o grupo decidiu locar o prédio para uma rede de hotelaria e aluguel de estúdios.
Nos últimos anos, Silvio Santos se dividia entre suas duas mansões, uma em Orlando, nos Estados Unidos, e outra na rua Antônio de Andrade Rebelo, no Morumbi.
A casa na zona oeste paulistana, construída em estilo colonial, tem 2.000 metros quadrados de área. Conta, entre outras coisas, com piscina, sala de ginástica e sauna.
O imóvel ficou famoso em agosto de 2001, quando o apresentador ficou por sete horas refém de Fernando Dutra Pinto, um criminoso inexperiente, à época com 22 anos –e que havia planejado e executado o sequestro de Patricia Abravanel, filha de Silvio Santos, nove dias antes.
O apresentador foi solto no começo da tarde daquele dia, após participação direta do então governador Geraldo Alckmin, à época no PSDB e hoje no PSB. Ele que foi à casa para oferecer garantias de segurança de vida ao criminoso, uma das exigências feitas para liberar Silvio Santos.
FÁBIO PESCARINI / Folhapress