Doce Maravilha, no Rio, celebra repertórios de Xuxa, Rita Lee e Tim Maia

RIO DE JANEIRO. RJ (FOLHAPRESS) – A nostalgia que batiza uma das canções do “Transa”, álbum de Caetano Veloso que o festival Doce Maravilha decidiu celebrar neste domingo (13), no Rio de Janeiro, deu o tom em vários momentos do segundo dia do evento que começou no sábado (12) na Marina da Glória.

O sentimento apareceu da abertura dos palcos, com Michael Sullivan pondo os que chegaram cedo para dançar com hits que compôs para Xuxa e Tim Maia, até o show que precedeu o de Caetano, no qual Marcelo D2 repassou as canções de seu clássico álbum de 2003 “À Procura da Batida Perfeita”. Também houve uma homenagem da Orquestra Imperial à Rita Lee e um encontro de Liniker com Péricles.

Sullivan abriu o dia às 15h45 para uma plateia pequena que incluía pessoas que não sabiam quem ele era. “Esse cara tem mais de 600 sucessos”, dizia um vendedor de cerveja para seu colega mais jovem.

Não demorou muito para que entendessem quem era ele. O cantor e compositor promoveu um competente baile com sucessos de Tim Maia, alguns compostos por ele com seu parceiro Paulo Massadas, como “Um Dia de Domingo” e “Me Dê Motivo” –canções românticas de apelo direto e certeiro às memórias afetivas da plateia, que cantava junto debaixo de chuva.

A conexão nostálgica continuou quando ele se embrenhou no repertório de Xuxa, de quem foi produtor e compositor por 20 anos. Músicas como o tema do “Xou da Xuxa”, “Lua de Cristal” e “He-Man” foram recebidas como o que são: parte do legado cultural formativo do brasileiro, com um papel que talvez mereça ser discutido para além da superfície do debate “promoção do emburrecimento versus viva a nossa rainha”.

João Gomes, por motivos completamente outros, toca no mesmo apelo de emoção e envolvimento. Mas não há memória diretamente envolvida. Ele carrega algo em si verdadeiramente representativo de uma vida que é, em grande medida, a do Brasil hoje.

É algo que está na profusão de luzes e formas do telão -corações de todas as cores, estrelas, paisagens, tudo remetendo a uma estética de feira popular pós-led. Está também, em contraste, em seu figurino de uma simplicidade de rua e no ritmo do piseiro que conjuga gêneros populares do interior do Brasil.

Também aparece nos versos que expõem dores do amor com esperteza em vez de peso, uma sabedoria que passa pelo humor. E no carisma doce e sincero do cantor, exposto tanto quando ele recebe um menino da plateia que chamou ao palco, como quando ele canta em “embromation” (“Não sei falar inglês”) a parte de Ben Harper em “Boa Sorte (Good Luck) ao lado da convidada Vanessa da Mata.

Em seu tributo a Rita Lee, a Orquestra Imperial promoveu outro baile, que passeou pelo repertório da cantora com o respeito à inventividade alegre dos arranjos originais. Hits como “Corre Corre” e “Chega mais” embalaram a plateia. O cuidado da banda se estendeu aos figurinos, que reproduziam trajes históricos de Rita.

Se no sábado a ventania causou estragos na cenografia e provocou atrasos, no domingo foi a chuva que atrapalhou e praticamente não deu trégua. Quando apertou, adiou o início do show de João Gomes em cerca de 30 minutos.

LEONARDO LICHOTE / Folhapress

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