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Documentário destrincha polêmicas do criador de Pee-Wee Herman

FOLHAPRESS – Na verdade, não é bem assim. O ator Paul Reubens, criador do personagem infantil Pee-Wee Herman, fenômeno midiático surgido no teatro alternativo de Los Angeles nos anos 1980, queria, sim, contar sua história. Desde que ele mesmo tivesse o controle do produto final.

Ele dá 40 horas de entrevista para o diretor Matt Wolf no documentário “Pee-Wee Herman: Por trás do Personagem”, que chega a HBO Max. As conversas aconteceram pouco antes da morte de Reubens em 2023, devido a um câncer que ele tinha há seis anos, em segredo.

Várias vezes é Reubens quem faz as perguntas a Wolf. Do tipo: “Por que não posso dirigir meu próprio documentário?”, ou “O que é aquela coisa que você disse que eu mesmo não teria para contar minha história?”. “Perspectiva” é a resposta de Wolf.

Obviamente contrariado, apesar de louco para que sua versão de tudo que aconteceu, de bom e de ruim, seja conhecida, Paul Reubens varia momentos de respostas sinceras e profundas com uma evidente irritação, salpicada por várias pegadinhas com o entrevistador.

No fim de uma resposta profunda e reveladora, ele levanta uma única sobrancelha e, com cara de quem tá achando tudo divertido, desmente o que acabou de contar.

Matt Wolf faz o melhor uso possível dos embates com o seu entrevistado, e o resultado é algo muito maior do que um “documentário biográfico”. O filme, dividido em duas partes, dá uma imagem caleidoscópica do conflito entre o homem real e seu personagem.

Esse é um documentário que tinha que existir. Paul Reubens guardou um acervo de imagens impressionante, além de brinquedos, revistas, objetos, figurinos, acessórios e peças de cenário.

Sua vida teve altos e baixos acentuados. Reubens viveu um casamento de vários anos com um ator negro enquanto ainda não era famoso. Os dois conviviam com a família do comediante, que não teve problemas com sua homossexualidade, assim como seus amigos de teatro underground.

Ele só passou a esconder sua vida privada quando a existência de sua criatura, Pee-wee Herman, dominou o público infantil e adulto da TV aberta. Para se proteger, e para proteger seu personagem do preconceito dos outros, Reubens não dava nem entrevistas como ele mesmo. Se estava em público, era Pee-wee Herman que aparecia.

Nascido no estado de Nova York e criado na Flórida, Reubens se apaixonou pela comédia ainda criança, influenciado pela TV e pelo circo. Levou essa paixão com ele para a Califórnia, onde foi estudar teatro na California Institute of the Arts (CalArts), uma das escolas de artes mais prestigiosas dos Estados Unidos.

Depois entrou para o grupo de improviso The Groundlings. Na época, flertou com a ideia de ser drag queen e conheceu pessoas que mais tarde fariam parte de seu programa infantil “Pee-wee’s Playhouse”, como Edie McClurg e Phil Hartman. Nessa época, Reubens fez ainda uma amizade improvável que durou toda sua vida com a atriz Cassandra Peterson, criadora da personagem Elvira, a Rainha das Trevas.

Foi ali também que nasceu o personagem Pee-wee Herman —uma mistura de humor vaudevilliano com um jeito esquisito e difícil de adjetivar que Reubens tirou da cartola, e que nunca tinha sido visto antes.

Matt Wolf até convida alguns grandes nomes para dar depoimentos, mas a maior parte do filme é o próprio Reubens contando sua história. A bajulação de colegas e amigos que costuma entupir esse tipo de filme não está presente em “Pee-Wee Herman: Por trás do Personagem”, que é quase uma confissão profunda de uma vida única.

O que a maior parte das pessoas se lembra é da prisão de Reubens em 1991 por exposição indecente num cinema pornô. Reubens fala com franqueza sobre esse momento, mas o filme também destaca como ele se reergueu —tirando sarro das piadas sobre si mesmo na MTV e aparecendo em filmes como “Batman: O Retorno”, “Matilda”, “Mystery Men”, “Blow” e “Buffy, a Caça-Vampiros”.

Em 2002, ele foi preso novamente, dessa vez acusado de possuir materiais classificados como pornografia infantil, num caso conectado ao processo contra o ator Jeffrey Jones. Reubens alegou que se tratava de uma coleção de erotismo vintage, e as acusações foram retiradas dois anos depois.

É uma história fascinante, de um gênio biruta que guarda um último segredo, como se soubesse que sua própria morte fosse o final perfeito de um filme.

PEE-WEE HERMAN: POR TRÁS DO PERSONAGEM

– Avaliação Ótimo

– Onde Disponível na HBO Max

– Classificação 12 anos

– Direção Matt Wolf

TETÉ RIBEIRO / Folhapress

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