RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Agricultura confirmou o registro de um foco da doença de Newcastle num estabelecimento de avicultura no interior do Rio Grande do Sul. É o primeiro caso no país desde 2006, segundo o governo federal.
A doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade viral que atinge aves domésticas e silvestres, provocando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nos animais. É comum apresentarem andar cambaleante e consumirem menos água e alimentos.
A doença é causada pela infecção de um vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1, virulento em aves de produção comercial. Como ataca o sistema respiratório, pode chegar a ser confundida com gripe aviária. Pode causar conjuntivite transitória em humanos, segundo uma ficha técnica do ministério.
O caso positivo refere-se a amostra de um lote de frango de corte num estabelecimento de avicultura comercial de Anta Gorda, município a 186 quilômetros de Porto Alegre, que foi interditado e proibido de movimentar as aves.
De acordo com o ministério, a confirmação foi informada às 16h desta quarta-feira (17) pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, referência internacional para o diagnóstico da doença de Newcastle.
A confirmação dos casos provocou queda nas ações de empresas do setor e gerou manifestações de entidades ligadas à avicultura.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e a Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) informaram nesta quinta-feira (18) que estão acompanhando e dando suporte às ações do ministério e da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul à amostra positiva para a doença na granja.
“As autoridades federais e do estado agiram rapidamente na identificação do caso com interdição da granja, garantindo que não houvesse saída de aves. Os protocolos oficiais estabelecidos para a mitigação da situação pontual foram acionados e o entorno segue monitorado”, informaram as associações em comunicado conjunto.
As ações de empresas frigoríficas estão em forte queda no pregão desta quinta-feira. Às 12h40, a BRF registrava a maior perda (7,30%), seguida por Marfrig (6,24%), Minerva (2,75%) e JBS (2,61%).
Os últimos registros da doença no país ocorreram há 18 anos, também no Rio Grande do Sul e em outros dois estados -Amazonas e Mato Grosso- e fizeram com que países suspendessem as importações de aves vivas do Brasil à época.
Naquele ano, 17 casos foram detectados em aves de uma pequena propriedade rural de Vale Real (distante 90 quilômetros de Porto Alegre), que não atendia frigoríficos nem integrava a cadeia produtiva da indústria.
Antes dos casos registrados em 2006, o Brasil tinha confirmado casos da doença de Newcastle em abril de 2001, depois de ela ter existido no país por mais de cinco décadas.
MEDIDAS
De acordo com o Ministério da Agricultura, a investigação do caso foi feita pela Secretaria da Agricultura gaúcha, que enviou as amostras para análise na última semana.
A pasta, em conjunto com a SDA (Secretaria de Defesa Agropecuária) do ministério, fará a erradicação das aves, seguindo o determinado pelo plano de contingência da gripe aviária e doença de Newcastle.
Além da eliminação e destruição das aves, o local passará por desinfecção e haverá investigação num raio de dez quilômetros da granja.
Ainda conforme o ministério, o consumo de produtos avícolas que foram inspecionados pelo SVO (Serviço Veterinário Oficial) segue seguro e sem nenhuma contraindicação.
Segundo o DDA (Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal), órgão do governo do Rio Grande do Sul, as equipes da secretaria já fizeram atuação preventiva em granjas de corte comercial num raio de três quilômetros e não foi detectado nenhum outro caso suspeito.
“A partir de agora, as equipes passam a atuar em, no mínimo, 775 propriedades rurais cadastradas em nossos sistemas, que incluem a avicultura comercial e de subsistência, para investigação clínica e epidemiológica, além de orientações das medidas de biosseguridade das granjas e sensibilização da população para a notificação de suspeitas”, disse o diretor-adjunto do DDA, Francisco Lopes, por meio de sua assessoria.
Barreiras sanitárias também devem ser realizadas na região do foco, conforme o diretor.
MARCELO TOLEDO / Folhapress