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Dólar abre em alta com dados de inflação e tarifas de Trump em foco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve alta nesta quarta-feira (12), com investidores repercutindo os dados de inflação do Brasil divulgados há pouco pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Os números do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) dos Estados Unidos também são esperados para esta manhã, às 9h30. O mercado, além disso, segue atento às tarifas do presidente norte-americano, Donald Trump, e aos sinais de desaceleração da maior economia do mundo.

Às 9h03, o dólar avançava 0,16%, cotado a R$ 5,819. Na terça, fechou em queda firme de 0,75%, a R$ 5,810, e a Bolsa caiu 0,81%, a 123.507 pontos, em linha com os índices de Wall Street.

A inflação oficial do Brasil acelerou a 1,31% em fevereiro, depois de variar 0,16% em janeiro. O número veio exatamente em linha com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg, com o intervalo das estimativas indo de 1,2% a 1,41%.

Com o novo resultado, o IPCA acelerou a 5,06% no acumulado de 12 meses, após marcar 4,56% até janeiro. O teto da meta de inflação no país é de 4,5%.

O índice veio pressionado pela energia elétrica, uma vez que o mês de janeiro foi marcado pelo desconto pontual do bônus de Itaipu nas contas de luz, agora revertido. Além disso, o período contou com aumento do ICMS (imposto estadual) de combustíveis e reajustes sazonais de mensalidades escolares.

O real foco dos investidores, porém, está nos dados dos Estados Unidos, que serão divulgados em breve. O CPI, indicador oficial da inflação norte-americana, serve de termômetro para os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), cuja taxa de juros norteia os mercados globais.

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A autoridade monetária pausou o ciclo de cortes na taxa no início do ano, sob a justificativa de resiliência do mercado de trabalho e inflação ainda acima da meta de 2%.

Uma bateria de dados, no entanto, tem sugerido ao mercado que a atividade norte-americana está perdendo força. Principal divulgação da semana passada, o “payroll” (folha de pagamento, em inglês) mostrou que o número de vagas abertas em janeiro ficou abaixo das expectativas de economistas. Além disso, a confiança dos consumidores e dos empregadores tem perdido ímpeto.

“PMI, atividade industrial relatório de emprego ADP, ‘payroll’. Muitos dados abaixo do esperado demonstram um desaquecimento da economia norte-americana e um contexto interno preocupante”, diz Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos.

As divulgações acontecem em meio a preocupações —cada vez maiores— com os efeitos da política comercial de Trump sobre a economia.

Nesta quarta, entraram em vigor tarifas de importação de 25% sobre todos os produtos de aço e alumínio que chegam aos Estados Unidos. A medida afeta o Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao país.

Produtos semiacabados de aço, como blocos e placas, estão entre os principais itens exportados pelo Brasil aos EUA, ao lado de petróleo bruto, produtos semiacabados de ferro e aeronaves. As exportações, geralmente, são de semiacabados porque os produtos posteriores da cadeia são feitos a partir dos pedidos dos clientes e, por isso, têm formatos menos padronizados, o que dificulta seu transporte. As exportações brasileiras de alumínio são consideravelmente menores que as de aço.

Em comunicado na véspera, a Casa Branca disse que não abrirá exceções para os países afetados. Mas o mercado observa o tarifaço com desconfiança e cautela, já que Trump tem feito um vaivém de medidas conforme as negociações.

Na terça-feira passada (4), Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, e, nos dias seguintes, isentou fabricantes de automóveis e todos os produtos que atendem às regras do acordo comercial USMCA de 2020.

Já nesta terça, Trump dobrou a tarifa de importação para 50% sobre produtos de aço e alumínio do Canadá, em resposta à implementação pela província canadense de Ontário de uma tarifa de 25% sobre a eletricidade que entra nos EUA. Ontário voltou atrás, e Trump disse que “provavelmente” iria reduzir a sobretaxa.

“O mercado não tem medo de notícias ruins; o mercado tem medo do escuro. Os anúncios das tarifas lembram o conto do ‘Menino que Gritava Lobo’, onde o menino mentia sobre um lobo que comia as ovelhas e, quando ele de fato comeu, ninguém acreditava mais no menino”, diz Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos.

“Trump anuncia tarifas, depois suspende. Anuncia e suspende. Depois de várias vezes nessa dança, essa estratégia começa a perder a elasticidade e a não ter o mesmo impacto no mercado. Perde a eficácia. Há muita volatilidade, especialmente no câmbio, mas os anúncios de tarifas não têm atingido o mercado com tanta contundência quanto nas primeiras vezes.”

O pessimismo, já instalado pelos dados fracos e pelo vaivém do tarifaço, ganhou força com comentários de Trump no domingo, em entrevista à Fox News. O presidente se recusou a responder se a maior economia do mundo entrará ou não em recessão ainda em 2025. “Detesto fazer previsões como essas”, disse.

“Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo riqueza de volta para a América. Isso é algo grande, e sempre há períodos, leva um pouco de tempo.”

A leitura dos investidores é que o presidente está disposto a enfrentar uma recessão no curto prazo para conseguir implementar o tarifaço.

“Investidores, empresários e mesmo consumidores estão reclamando da falta de clareza sobre como as políticas econômicas vão evoluir. E esse ambiente de incerteza estimula um comportamento defensivo, onde os consumidores poupam mais e os investidores optam por esperar antes de tomar decisões mais arriscadas, a fim de verificar como é que as coisas vão evoluir nos próximos meses”, diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

O dólar disparou globalmente no final do ano passado sob a sombra das ameaças tarifárias. Isso porque o aumento de tarifas, além de estimular uma guerra comercial ampla, tem o potencial de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

Em discurso na sexta-feira passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que os principais indicadores econômicos permanecem “sólidos”, com “progresso contínuo”, e que banco central não terá pressa em reduzir a taxa de juros enquanto aguarda mais clareza sobre como as políticas de Trump afetam a economia.

“O novo governo está em processo de implementação de mudanças significativas em quatro áreas distintas: comércio, imigração, política fiscal e regulamentação. A incerteza sobre as mudanças e seus prováveis efeitos continua alta”, disse.

Com Reuters

Redação / Folhapress

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