SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em forte alta nesta segunda-feira (5), com investidores temendo uma recessão na economia dos Estados Unidos.
Por volta das 9h20, a divisa norte-americana subia 1,57%, cotada a R$ 5,800, em meio a um cenário de aversão ao risco generalizado. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,865. Outras moedas de países emergentes também se desvalorizavam, como o rand sul-africano e o peso mexicano.
Os mercados globais amanheceram pressionados pela desaceleração da economia dos Estados Unidos. A Bolsa do Japão despencou mais de 12%, no pior resultado em um dia em 37 anos, em queda que se estendeu por outros índices asiáticos.
Na Coreia do Sul, o Kospi perdeu 8,8%; em Taiwan, o índice Taiex derreteu 8,35%. Em Singapura, a Bolsa se desvalorizou 4,07%, enquanto o S&P/ASX australiano teve perda de 2,5%. O Sensex da Índia perdeu 2,6%.
Na Europa, o índice STOXX 600 abriu com queda de 3,1%, atingindo o nível mais baixo desde 13 de fevereiro. O valor de referência configurou o pior dia em 2 anos de meio.
“O sentimento dos investidores foi afetado por dados de emprego nos EUA inferiores ao esperado em julho, aumentando os receios de que a economia dos EUA desacelerará mais do que o previsto”, explicou a corretora IwaiCosmo Securities.
O “payroll” (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.
Os novos dados acionaram a chamada Regra de Sahm, que vincula o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 ponto percentual acima da mínima de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.
O payroll vem na esteira da manutenção dos juros na taxa de 5,25% e 5,50% pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na última quarta-feira (31). A decisão já era amplamente esperada, mas o comunicado que a sucedeu deu fôlego à tese de que a autarquia poderá iniciar o ciclo de afrouxamento monetário já no próximo encontro, em setembro.
Com os novos números, a tese se tornou uma aposta unânime entre os agentes financeiros. E, se antes a dúvida era sobre a possibilidade de corte, agora a discussão é sobre a magnitude.
Alguns dos grandes bancos de Wall Street, como JPMorgan e Citigroup, revisaram as previsões para o ano, antevendo, agora, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros na próxima reunião.
“Estou relutante em acreditar que o Fed começaria o processo de flexibilização com um corte de 50 pontos percentuais, mas se as próximas sete semanas forem de dados parecidos com os da semana passada, o Fed deveria ser agressivo”, disse Ronald Temple, estrategista-chefe da assessoria financeira Lazard.
Os temores de uma recessão na maior economia do mundo também afetaram os mercados na sexta-feira (2). Em sessão marcada por alta volatilidade, o dólar fechou em queda de 0,44%, aos R$ 5,709, um dia depois de atingir R$ 5,734, a maior cotação desde 21 de dezembro de 2021.
A moeda norte-americana oscilou entre os sinais e chegou a atingir a máxima de R$ 5,793, até firmar queda no final da tarde.
Já a Bolsa recuou 1,21%, aos 125.854 pontos. O Ibovespa acompanhou os índices de Wall Street e foi pressionado por uma forte queda nos papéis da Petrobras, afetados pelo recuo dos preços do barril de petróleo no exterior.
TAMARA NASSIF / Folhapress