SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu com leve alta nesta terça-feira (15), a exemplo do que está ocorrendo em outros mercados emergentes.
Os investidores avaliam o impacto da queda de preços de commodities importantes, como o petróleo, em meio a novas notícias vindas da China e do Oriente Médio.
Às 9h05, a moeda norte-americana subia 0,17%, cotada a R$ 5,5924. Na segunda-feira (14), o dólar fechou em queda de 0,57%, a R$ 5,581, e a Bolsa teve alta de 0,78%, aos 131.005 pontos.
O dia foi marcado por informações de que o governo federal prepara medidas de contenção de gastos após o segundo turno das eleições municipais.
O mercado aguardava algum tipo de sinalização de corte de despesas diante de um contexto desafiador para a percepção fiscal, segundo analistas.
A notícia foi dada primeiro pela agência Reuters, com duas fontes internas do Ministério da Fazenda com conhecimento no assunto.
Uma das pessoas ouvidas pela reportagem disse que o governo prepara um primeiro pacote visando gastos específicos e pontuais, seguido por outro com propostas mais estruturais e “mais duras”.
Uma segunda fonte da pasta afirmou que a contenção de gastos obrigatórios virá para dar sustentação “por dentro” ao arcabouço fiscal, abrindo margem para as despesas discricionárias, que incluem investimentos.
As medidas serão apresentadas depois do segundo turno das eleições, marcado para 27 de outubro.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, muita coisa pode ocorrer até essa data. “Se as medidas do governo federal serão ou não de fato materializadas, só os próximos dias dirão”.
Ainda no cenário doméstico, investidores repercutiram os últimos dados do IBC-Br, considerado uma “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto).
A atividade econômica brasileira superou as expectativas e voltou a crescer em agosto, com alta de 0,2% na comparação com o mês anterior. Em relação ao mesmo período de 2023, subiu 3,1%.
“O IBC-Br veio forte e acima da previsão do mercado. Isso tem um impacto direto nas decisões de política monetária”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Em evento nesta segunda, Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC (Banco Central) e futuro presidente da autarquia a partir de 2025, afirmou que os dados de crescimento da economia são “tema central” para a autoridade monetária.
Galípolo disse ainda que o câmbio no Brasil é flutuante e que o Banco Central só interfere quando há situações extremas, como falta de dinheiro disponível (liquidez) no mercado ou mudanças bruscas nos preços das moedas, sem tentar definir um valor específico para o real. Ele afirmou que essa política não mudou.
Segundo Bergallo, não houve “surpresas” na fala de Galípolo, o que ofereceu um cenário positivo para a moeda brasileira.
“Ele destacou uma posição conservadora do Banco Central. É nesse ponto que o mercado viu algum indício sobre as próximas decisões do Copom”, afirmou.
No cenário externo, os investidores repercutiram a entrevista coletiva de autoridades chinesas no sábado (12), que anteciparam parte das medidas de incentivo à economia.
O ministro das Finanças, Lan Fo’an, disse que a China irá emitir mais dívidas para impulsionar o mercado imobiliário, recapitalizar bancos e ajudar governos locais com dificuldades financeiras. No entanto, Fo’an deu poucos detalhes mais aprofundados sobre as medidas.
Os mercados estão aguardando sinais de que Pequim aumentará gastos fiscais para apoiar os planos de estímulo monetário, em meio a dúvidas persistentes sobre a força econômica do país.
Redação / Folhapress