SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar operava em queda nos primeiros negócios desta terça-feira (21), conforme investidores ajustavam posições antes da divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve), prevista para quarta-feira.
Às 9h39, a moeda norte-americana perdia 0,18%, cotada a R$ 5,096.
A atenção está voltada aos detalhes da reunião de política monetária do Fed, que, no início de maio, optou por manter os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50%. A expectativa é que, no documento, as autoridades do banco central norte-americano comecem a dar mais pistas sobre a trajetória da taxa básica de juros do país, referência para os mercados globais.
Na decisão de maio, a autarquia sinalizou que ainda está inclinada a eventuais cortes, mas avaliou que as leituras de inflação até aquele momento eram decepcionantes.
Desde então, em falas separadas na última semana, dirigentes demonstraram cautela com a inflação. Eles reconheceram uma virada positiva depois que números mostraram que os preços ao consumidor nos EUA subiram menos que o esperado em abril, mas a desaceleração não foi o suficiente para que começassem a antever um corte concreto nas próximas reuniões.
O clima externo, porém, é de otimismo: os investidores preveem uma probabilidade de quase 82% de que o Fed reduzirá os juros em pelo menos 0,25 ponto percentual em setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Na segunda-feira, a expectativa pela ata levou o dólar à leve alta de 0,04%, praticamente em estabilidade, cotado a R$ 5,104 na venda.
Já o Ibovespa, que oscilou entre o sinal negativo e positivo ao longo do dia, recuou 0,31%, a 127.750 pontos.
Por aqui, as novas previsões para Selic e PIB (Produto Interno Bruto), divulgadas no Boletim Focus, também entraram no radar.
O relatório de economistas consultados pelo BC (Banco Central) projeta que a Selic fechará o ano em 10% terceira semana consecutiva de aumento na projeção da taxa básica de juros. A expectativa é 0,25 p.p (ponto percentual) maior que estimativa de 9,75% da semana anterior.
Para o PIB, a previsão é de queda, após economistas preverem aumento no Focus da semana passada. A estimativa é que o crescimento deste ano fique em 2,05%, 0,04 p.p menor que o anterior de 2,09%.
Em geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e menos o BC afrouxar a Selic, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
Na Bolsa, porém, indica mais estabilidade na renda fixa sobretudo a norte-americana, a partir dos títulos do Tesouro de lá, chamados de Treasuries e menos atratividade na variável, o que geralmente leva o Ibovespa para o negativo.
O índice oscilou entre os sinais, conforme a cena corporativa contrabalançava a incerteza em torno dos juros, mas não conseguiu neutralizar as perdas.
“Os gatilhos positivos para a Bolsa, como a alta dos índices norte-americanos e as perspectivas da economia chinesa, que também beneficiam a economia brasileira e ativos como o minério de ferro, não foram suficientes para sustentar o fluxo e a liquidez no Ibovespa hoje”, avalia Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.
A Petrobras, que perdeu mais de uma Sabesp em valor de mercado na semana passada após a demissão de Jean Paul Prates, ensaiou uma recuperação nesta segunda. Os papéis preferenciais da petroleira avançaram 0,16%, e os ordinários, 0,34%.
A Braskem subiu 3,23%, após a Justiça de São Paulo dar ganho de causa para um pedido de acionistas minoritários que cobram que a petroquímica seja ressarcida pela Novonor, ex-Odebrecht, por abuso de poder de controle. A ação soma cerca de R$ 5,5 bilhões, sem considerar juros, correção monetária e outras custas.
Vale fechou perto da estabilidade, com baixa de 0,05%, mesmo com o avanço dos preços futuros de minério de ferro na China, ainda embalados por medidas de apoio ao setor imobiliário anunciadas pelo governo na última semana.
A resseguradora IRB recuou 6,81%, em movimento de ajuste após forte valorização no final da semana passada.
Redação / Folhapress